Suspensos dois médicos e uma enfermeira que alegavam tratar Covid-19 com ozonoterapia
Caso aconteceu em clínicas de Lisboa e do Funchal. Investigação apreende "um vasto acervo documental" com relevância fiscal e médica.
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Depois das detenções do final da semana passada, o Tribunal Central de Instrução Criminal suspendeu de funções dois médicos e uma enfermeira. Em causa os crimes de burla, falsificação de documentos e propagação de doença por causa de tratamentos por ozonoterapia.
A operação policial que começou na quinta-feira levou à detenção de cinco pessoas.
Terminados os interrogatórios, dois médicos e a enfermeira que geria e fazia os supostos tratamentos foram agora suspensos de funções e obrigados a pagar uma caução de 10 mil euros.
Em comunicado, o Ministério Público acrescenta que há ainda "um enfermeiro que, na prática, exercia funções de gestão, efetuava tratamentos e fazia-se passar por médico", a quem foi aplicada a medida de coação de obrigação de permanência na habitação.
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Finalmente, "a uma médica que funcionava como testa de ferro dos coarguidos enfermeiros e tinha outra atividade profissional", aplicam-se as medidas de coação de prestação de caução no valor de 5 mil euros".
As diligências policiais "permitiram a apreensão de um vasto acervo documental, na sua grande maioria com relevância fiscal e médica, bem como de cerca de 10 mil euros".
Noutro comunicado divulgado há dias o Ministério Público falava num esquema que levou doentes com Covid-19 ou pessoas com maior risco de complicações se fossem contagiadas a fazerem tratamentos por ozono que não serviam para nada, em pleno estado de emergência.
Os tratamentos de ozonoterapia eram efetuados numa rede de clínicas em Lisboa e no Funchal.
Em causa, ainda, alegadas consultas médicas feitas por um enfermeiro que garantia que a terapia era plenamente eficaz contra a Covid-19.
"Múltiplas" pessoas fisicamente fragilizadas, doentes ou com medo da Covid-19, acabaram por sair de casa, em pleno estado de emergência, com riscos para a própria saúde.
O tratamento por ozono não é comparticipado pela ADSE nem por outros subsistemas de saúde. Contudo, com a ajuda de dois médicos eram emitidos documentos que simulavam outros atos médicos.
Num comunicado publicado na semana passada no início da operação, a PJ informava que os dois homens e três mulheres detidos tinham entre os 32 e os 62 anos.
A ozonoterapia é uma prática não convencional que consiste na administração de ozono para tratar patologias com origem inflamatória, infecciosa ou isquémica, numa técnica não reconhecida pelo sistema de saúde tradicional.
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