Tiago Oliveira diz que não quis ofender autarcas e quer "aposta na prevenção" de incêndios
Tiago Oliveira defende, em declarações à TSF, que "lendo a narrativa toda", o que tentou demonstrar é que "há uma oportunidade de melhorar as leis para reforçar até o orçamento, mas na lógica da prevenção".
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O presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), Tiago Oliveira, recusa as críticas que lhe são feitas pelos 16 autarcas algarvios e sublinha que não quis faltar ao respeito, nem aos bombeiros, nem aos autarcas, acrescentando, contudo, que deve haver uma "aposta maior na prevenção" dos incêndios e uma "maior racionalidade" na atribuição de verbas.
"Nós reconhecemos o papel e a importância dos bombeiros. Longe de nós não reconhecermos. Não é isso que está aqui em causa. Nós temos [feito] um esforço muito grande em tentar racionalizar um tema que é muito emotivo, toca nas pessoas, toca no reconhecimento das entidades locais", sublinha, em declarações à TSF.
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O líder da agência afirmou previamente que "há municípios a gastar meio milhão de euros, uma barbaridade de dinheiro nos bombeiros, quando não gastam dinheiro a gerir a floresta". Para os municípios do Algarve, as declarações de Tiago Oliveira "são totalmente inaceitáveis e reveladoras de que o presidente da AGIF, passados vários anos no cargo, continua a não conhecer a realidade do setor e isso é muito grave e preocupante".
Tiago Oliveira defende, contudo, que às vezes as coisas "são ditas de forma rápida", mas que, "lendo a narrativa toda", o que tentou demonstrar é que "há uma oportunidade de melhorar as leis para reforçar até o orçamento, mas na lógica da prevenção".
"Estamos a fazer mudanças, vão estar sempre a tocar em pontos que estão há muitos anos estabilizados. Essa lei é de 2015. Haverá outras coisas que a gente diz que incomoda que faz refletir outros atores", justifica.
O presidente da AGIF considera que aquilo que tentou fazer no Parlamento foi "explicar e convencer os deputados a refletir sobre a oportunidade de mudar, reforçando o investimento da prevenção na lei das transferências das autarquias, que é uma lei da competência do Parlamento".
"Nós estamos a dizer que é preciso mais prevenção, que é preciso gastar mais dinheiro em gerir o combustível, portanto, não estamos a dizer nada de errado", insiste.
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O deputado do PSD João Moura considera, no entanto, que vários estudos têm apontado um "conjunto de soluções preventivas para os incêndios em Portugal", mas acusa o Governo de não as pôr "em prática", defendo que as medidas "não têm passado do papel". Esta é uma situação que deixa os sociais-democratas "muito preocupados".
Em resposta, Tiago Oliveira afirma que "há pessoas que têm perspetivas sobre o problema", mas "que não têm uma única solução" e destaca que este "não é um problema tecnológico, é um problema socioeconómico".
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"Há sempre dificuldades na mudança e há resistências orgânicas. Na máquina pública estas coisas são sempre mais difíceis, há muita gente, há muitos níveis de decisão e estas coisas demoram a entrar. Quanto mais falarmos e quanto mais ideias partilharmos, mais fácil vai ser os decisores tomarem as decisões", explica.
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João Moura acusa ainda o Governo de agir pouco e tarde no combate aos incêndios e alerta que o "Partido Socialista não tem um olhar atento sobre aquilo que a floresta pode dar", o que considera ser "um total abandono" da questão.
"E aquilo que é mais grave é que as áreas que ardem são mais suscetíveis ao surgimento de novos incêndios, seis/sete anos depois. E é isso que se está a verificar neste momento com Pedrógão Grande, depois daquela grande catástrofe. O Governo demorou sete anos a perceber que era preciso fazer alguma coisa", lamenta.
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Tiago Oliveira afirma que as suas declarações estão alinhadas com uma auditoria feita pelo Tribunal de Contas, em março de 2022, em que é dito que "os municípios recebem o dinheiro, mas não há um critério para a atribuição do dinheiro na questão da prevenção e do combate".
E diz que vai também ao encontro "daquilo que se pretende da Liga dos Bombeiros, que é ter um contrato-programa de financiamento estável e plurianual". "É esse esforço de comunicação, de colocar o tema em prol do relatório Tribunal de Contas e em prol da oportunidade de mexer nas leis do Parlamento que nós o dissemos", esclarece.