Trabalhadores da Portway começam esta sexta-feira greve de três dias nos aeroportos
Greve prevê a paralisação geral dos trabalhadores da empresa de assistência em terra, nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Madeira.
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Os trabalhadores da Portway dão esta sexta-feira início a uma greve de três dias nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Madeira, convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (Sintac), que deverá causar perturbações na operação.
A paralisação, marcada para hoje, sábado e domingo, contesta "a política de RH [recursos humanos] assumida ao longo dos últimos anos pela Portway, empresa detida pelo grupo Vinci, de confronto e desvalorização dos trabalhadores por via de consecutivos incumprimentos do Acordo de Empresa, confrontação disciplinar, ausência de atualizações salariais, deturpação das avaliações de desempenho que evitam as progressões salariais e má-fé nas negociações", indicou o sindicato.
O pré-aviso prevê a paralisação geral dos trabalhadores da empresa de assistência em terra, nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Madeira, com início às 00h00 desta sexta-feira e fim às 24h00 de domingo.
Em declarações à TSF, Pedro Figueiredo, representante dos trabalhadores da Portway no sindicato, explica o que está em causa: "As progressões salariais, ou seja, o que implicava a anulação das avaliações que foram feitas de forma arbitrária, e também o cumprimento no pagamento de feriados a cem por cento."
"Quando colocámos o pré-aviso de greve tínhamos mais dois pontos: o fim do banco de horas, na forma como a empresa o está a aplicar, e também a reivindicação de que queríamos aumentos salariais na tabela salarial", acrescenta.
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O dirigente sindical afirma que a mais recente reunião com a Portway não teve qualquer resultado.
"A empresa pediu a reunião de conciliação, da qual pensaríamos que a empresa teria uma proposta para apresentar, mas apenas apresentou-se com uma declaração de intenções inócua. Nós, como tentativa de ultrapassar a situação, registámos a nossa proposta: pagamento de feriados a 100 por cento e o fim das avaliações", refere.
Ainda assim, o Sintac espera que não sejam necessárias mais greves.
O Sintac acusa a Portway de promover um "clima de terror psicológico, onde proliferam ameaças e instauração de processos disciplinares, criando uma instabilidade social sem ímpar na história da empresa", e os trabalhadores reivindicam o cumprimento do Acordo de Empresa de 2016 e uma avaliação de desempenho que não sirva para evitar progressões.
O Sintac quer ainda o pagamento de feriados a 100% a todos os trabalhadores e atualizações salariais imediatas, que tenham em conta a inflação.
A ANA - Aeroportos de Portugal e a Portway alertaram na quinta-feira para possíveis perturbações em 22 companhias aéreas que operam nos aeroportos nacionais.
Numa nota divulgada nos seus 'sites' a gestora dos aeroportos nacionais, detida pela Vinci, e a empresa de assistência em terra, do mesmo grupo, publicaram uma lista de "companhias aéreas cujos voos poderão ser afetados pela greve convocada por um sindicato" na empresa de assistência em terra.
As companhias em causa são a Aegean, Air Canada, Air Transat, American Airlines, Blue Air, Brussels, Cabo Verde Airlines, Easyjet, Euroatlantic, European Air Transport, Eurowings, Finnair, Flyone, Latam, Luxair, Swiftair, Transavia, Transavia France, Tunisair, Turkish Airlines, Volotea e Wizzair. Estas empresas recorrem aos serviços da Portway, sendo que existe outra empresa de 'handling' em Portugal, a Groundforce.
Num comunicado, na quinta-feira de manhã, a Portway deu conta da possibilidade de constrangimentos nos aeroportos nacionais, devido à greve, lamentando "os incómodos que esta situação venha a causar aos passageiros".
O sindicato e a Portway não chegaram a acordo quanto à definição dos serviços mínimos para a greve, depois de uma reunião com a Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT).
Entretanto, o Sintac referiu ter conhecimento de que podem ser chamados colaboradores de empresas de trabalho temporário, "com experiência quase nula, que poderão vir a colocar em causa a segurança de voo". Por sua vez, a Portway disse que "repudia veementemente qualquer acusação de cedências ou facilitismos operacionais".
Esta semana, o Sintac acusou ainda o Governo de ter lançado um despacho "que viola o direito à greve" dos trabalhadores da Portway que prestam assistência a pessoas com mobilidade reduzida nos aeroportos nacionais e pediu a intervenção da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), garantindo que a Portway está a "comprometer" os direitos dos trabalhadores.
* Notícia atualizada às 07h35