Trabalhadores dos bares de comboios passam Páscoa em vigília nas estações de Santa Apolónia e Campanhã
Manifestantes estão acampados há 33 dias e nem no feriado arredam pé.
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Os trabalhadores da Apeadeiro 2020, a empresa extinta que celebrava o serviço de cafetaria e bar dos comboios Alfa Pendular e Intercidades da CP - Comboios de Portugal, não abandonam os protestos no feriado e organizam este domingo um almoço de Páscoa em frente às estações de Santa Apolónia, em Lisboa, e de Campanhã, no Porto, onde estão acampados há 33 dias.
A iniciativa, explica à TSF Luís Baptista, porta-voz dos trabalhadores da Apeadeiro 2020, é mais uma forma de luta perante a falta de respostas da CP.
"Hoje os trabalhadores dos bares dos comboios e do serviço de bordo dos Intercidades terão que passar a Páscoa acampados em vigília em Santa Apolónia e na Campanhã, no Porto, sobretudo fruto da enorme insensibilidade social que a CP tem tido neste processo, e também o Governo."
A CP lançou no início do mês uma consulta prévia para escolher um novo concessionário para os comboios de longo curso, depois da resolução do contrato com a Apeadeiro 2020, e os trabalhadores exigem respostas sobre o seu futuro.
"Tínhamos uma série de questões que eram precisas de ser respondidas, fruto deste processo contratual que a CP lançou de emergência e que escolherá uma empresa que vai substituir a Apeadeiro 2020, que neste momento é já uma carta fora do baralho."
Luís Baptista conta que a administração da CP prometera responder até à passada quinta-feira a quatro questões o que poderia, "dependendo das respostas", ter permitido aos trabalhadores passar a Páscoa em casa, mas a promessa não foi cumprida.
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A CP comprometeu-se "até quinta-feira, ao fim do dia, responder às questões escritas que o sindicato e os trabalhadores enviaram", mas "não o fez e, portanto, tem o efeito prático é que não podermos abandonar a vigília nem luta e passaremos aqui esta quadra tão importante e tão simbólica", lamenta o representante dos trabalhadores da Apeadeiro 2020.
Acampados há mais de um mês nas duas maiores estações ferroviárias do país, Luís Baptista assegura que os trabalhadores aguentarão "o tempo que for necessário, pese embora a enorme dureza deste combate."
Sem salário há mais de dois meses e a viver 24 horas num acampamento "com poucas condições", este protesto "tem um enorme impacto na vida pessoal de cada um", lembra Luís Baptista.
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"Os trabalhadores dos bares dos comboios não são homens e mulheres de ferro, mas são homens e mulheres de fibra, e portanto estão apostados em vencer esta batalha, não pensam em desistir."
No início do mês, a CP disse esperar que, "no prazo de duas a três semanas, o serviço de cafetaria e bar a bordo dos comboios Alfa Pendular e Intercidades seja retomado e a situação laboral dos trabalhadores envolvidos seja regularizada".
Os trabalhadores da Apeadeiro 2020 não recebem salários desde janeiro, estando o serviço suspenso há algumas semanas nos bares dos comboios.