Travão nas rendas? Proprietários "estão cansados" e ameaçam rescindir contratos
O presidente da Associação Lisbonense de Proprietários fala num mal-estar geral e explica na TSF que um limite ao aumento das rendas pode fazê-las "disparar muito mais do que a aplicação pura e simples do critério de inflação".
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A Associação Lisbonense de Proprietários garantiu esta quinta-feira que quase metade dos senhorios admite rescindir os contratos se o Governo decidir avançar, no próximo ano, com um novo travão ao aumento de rendas.
"Fizemos referência a um estudo que tínhamos feito e 46% dos nossos associados - responderam 750, o que é um número bastante expressivo - dizem que se houver travão, retirarão as casas do mercado, porque o que se está a verificar neste quadro é que nós estamos a ser sujeitos a uma situação muito instável, com uma inflação muito elevada e, precisamente por isso, os proprietários portugueses não querem voltar a ser apanhados numa armadilha de rendas congeladas", avisa o presidente da Associação Lisbonense de Proprietários, Menezes Leitão, em declarações à TSF.
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O líder da associação adianta ainda que a ministra da Habitação, Marina Gonçalves, foi alertada para esta situação, tendo-lhe sido transmitido que "qualquer não aplicação do critério que consta da lei, seria pessimamente recebida pelo mercado".
Menezes Leitão sublinha que a lei é para cumprir e adverte que, se assim não for, os efeitos de um novo limite ao aumento das rendas podem ser contrários ao desejado, fazendo "disparar muito mais as rendas do que seria com a aplicação pura e simples do critério de inflação".
"O resultado [da insatisfação] está a ver-se, quer no inquérito, quer no que se está a passar em termos de rarefação da oferta de arrendamento", afirma, explicando que os proprietários "estão cansados de tantas alterações legislativas - e que são sempre feitas em seu prejuízo".
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O inquérito aos proprietários revela, ainda, que 25% dos inquiridos afirma que vai subir o valor dos imóveis que estão desocupados, para compensar as perdas que têm registado. Outro dado mostra que 22% dos senhorios assume que pretende manifestar o descontentamento através de protestos na rua ou em abaixo-assinados.
Menezes leitão sublinha que há um mal-estar geral.
"Aparece um grupo que faz uma manifestação ou faz uma pretensão qualquer e o Governo imediatamente acede prejudicando os proprietários", lamenta.
Menezes Leitão assume que a Associação Lisbonense de Proprietários está "preocupada" até porque o inquérito conduzido "demonstra uma grande insatisfação", que é também transmitida nas deslocações dos senhorios à associação.