O tribunal de Aveiro aceitou juntar ao processo Face Oculta as novas escutas envolvendo Armando Vara, que o Ministério Público pretendia ver transcritas e usadas como prova no julgamento.
Corpo do artigo
A decisão foi comunicada, esta terça-feira, pelo juiz presidente Raul Cordeiro, durante o início da nona sessão do julgamento, que está a decorrer no Tribunal de Aveiro.
O magistrado considerou «fundada» a pretensão do MP, acrescentando que o requerimento merece acolhimento «com vista à descoberta da verdade e boa decisão da causa».
Trata-se de escutas de duas conversas telefónicas com o arguido Armando Vara a falar sobre a eventual demissão do então presidente da CP, Cardoso dos Reis, e que, segundo a acusação, provam a capacidade do ex-ministro socialista para influenciar o processo de decisão junto de responsáveis governativos.
A junção aos autos destas novas escutas foi contestado pela maioria dos advogados de defesa e levou mesmo o advogado de Carlos Vasconcellos, João Folque, a sugerir que este processo deveria deixar de se chamar «Face Oculta» para se passar a designar «prova oculta».
Após a audição das escutas, há cerca de duas semanas, o advogado de Armando Vara, Tiago Bastos, desvalorizou a sua importância, afirmando serem já conhecidas «mais palavra, menos palavra», pelo resumo nos autos e «em páginas de jornais» e sem interesse processual.
«O que eu ouvi justifica a posição que já tomei sobre a matéria. Todos nós já sabíamos, com mais ou menos palavra, o que lá está. Já veio em resumo nos autos e em páginas de jornais e não adianta rigorosamente nada. Salvo melhor opinião não tem interesse para o processo», disse.
O juiz presidente acolheu também o requerimento apresentado pela Refer para juntar aos autos 30 escutas com o sucateiro Manuel Godinho, o principal arguido no caso, e que dizem respeito ao carregamento, transporte e descarga de resíduos produzidos pela Refer.