Urgências fechadas: Fnam afirma que "caos" vivido no SNS é "escolha política"

Foto: Pedro Granadeiro
À TSF, a líder da Federação Nacional dos Médicos, Joana Bordalo e Sá, sublinha que o Ministério tutelado por Ana Paula Martins sabia "há meses que o inverno e o Natal" chegariam, mas "nada fizeram para planear o necessário"
A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) assegura que o "caos" vivido no Serviço Nacional de Saúde (SNS), numa altura em que a afluência aos hospitais tem sido muita, apesar de várias urgências pelo país estarem encerradas, é uma "escolha política" e não um "imprevisto": "Luís Montenegro e Ana Paula Martins sabiam há meses que chegaria o inverno."
Em Portugal continuam fechadas várias urgências hospitalares esta sexta-feira, nomeadamente as de ginecologia e obstetrícia dos hospitais de Vila Franca de Xira, Santarém, Barreiro, Setúbal e Portimão. Quanto às urgências gerais, continuam com elevada procura e também com falta de profissionais de saúde.
Num ponto de situação feito esta sexta-feira à TSF, a presidente da Fnam, Joana Bordalo e Sá, adianta que estes constrangimentos são particularmente sentidos em Lisboa, Vale do Tejo e no Hospital Amadora-Sintra, que "chegou a ter tempos de espera de 15 horas e mesmo os doentes mais graves, como os amarelos e os laranjas, ultrapassaram o tempo em que deviam ser vistos".
Questionada sobre as razões que levam a esta realidade, a Fnam considera que os constrangimentos referidos se devem à falta de recursos humanos e não à tolerância de ponto dada esta sexta-feira ou até mesmo pela gripe, que é "previsível".
"Os profissionais - os médicos, os enfermeiros, os técnicos de saúde, todos - fazem o que podem e o que não podem. Agora, não conseguem é aumentar as suas equipas porque não há mais profissionais. E isto é o que no dia a dia atira os médicos para a exaustão e nesta altura do ano sabemos sempre que é pior", avisa.
Joana Bordalo e Sá responsabiliza assim o Governo, lembrando que no ano passado a ministra da Saúde já estava em funções durante o Natal e o ano novo. Indo mais longe, assegura que a pressão nas urgências "não é um imprevisto", mas antes uma "escolha política".
"A verdade é que Luís Montenegro e Ana Paula Martins sabiam há meses que chegaria o inverno, que chegaria o Natal e o ano novo e nada fizeram para planear o necessário, nomeadamente para termos mais médicos no SNS", acusa.
E insiste que, apesar "conhecimento" prévio sobre a situação vivida do SNS, passado um ano, o "caos" é exatamente o mesmo.
"Nada foi feito de diferente. Pelo contrário. O que está a haver são manobras de propaganda, operações de charme de atirarem com pulseiras douradas - como se a pulseira dourada, com inteligência artificial, fosse resolver a situação -, ou então visitas nesta altura do ano dos conselhos de administração, em vez de a senhora ministra ir à urgência ver os doentes e ver a exaustão em que os profissionais estão a trabalhar", atira.
Joana Bordalo e Sá lamenta igualmente que mais um bebé tenha nascido numa ambulância nesta quadra festiva, na noite da consoada. O parto foi feito pelos bombeiros de Sacavém.

