Vagas para 2.ª fase de acesso ao Ensino Superior com "valor mais baixo desde o início do século"
Pedro Nuno Teixeira sublinha ainda que "mais de metade dos estudantes ficaram na sua primeira escolha" e "quase 90% nas três primeiras preferências", um aspeto que diz contribuir para a diminuição do número de desistências e não matriculados.
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O secretário de Estado do Ensino Superior revelou este domingo que o número de vagas sobrantes para a segunda fase do concurso nacional de acesso ao Ensino Superior atingiu este ano o "valor mais baixo desde o início do século". Pedro Nuno Teixeira afirmou, ainda, que os estudantes com direito a bolsa de estudo vão recebê-la já a partir de "setembro".
Fazendo um balanço do número de estudantes que entraram, este ano, na primeira fase, no Ensino Superior, Pedro Nuno Teixeira, defende, em declarações à TSF, que a ligeira diminuição do número de candidatos era algo com o qual já estava "a contar", até porque Portugal tem uma "tendência demográfica relativamente desfavorável", uma vez que a população está envelhecida e porque o facto de a "taxa de desemprego estar baixa" pode revelar-se um fator atrativo para "alguns jovens não prosseguirem os estudos".
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"Apesar de tudo, a redução é muito pequena e sobretudo é de salientar que apesar de ter havido uma redução de quase 2500 candidatos, o número de colocados é praticamente idêntico ao do ano passado e praticamente igual há dois anos. Acho que há um efeito de alinhamento entre as preferências dos estudantes e a oferta formativa que é muito positiva, aliás, isso traduz-se na taxa de ocupação das vagas", considera.
Este ano, quase 50 mil alunos foram admitidos na primeira fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior, um decréscimo de 0,7% em comparação ao ano passado.
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O governante sublinha ainda que "mais de metade dos estudantes ficaram na sua primeira escolha" e "quase 90% nas três primeiras preferências", um aspeto que diz ser positivo, já que existem "evidências" de que "quando os estudantes ficam nas suas primeiras escolhas, a propensão a desistirem ou a não se matricularem é bastante mais baixa".
Sobre os 38 cursos de Ensino Superior que não tiveram qualquer candidatura, o secretário de Estado esclarece que "há cursos que têm mais dificuldade de captação de alunos que vêm pelo concurso nacional de acesso, mas têm uma capacidade de preenchimento de vagas por outras vias", pelo que se torna importante ter "uma oferta formativa bastante diversa".
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"Cerca de 30% dos alunos que entram no Ensino Superior correspondem ao concurso de estudantes internacionais, maiores de 23, concurso especial para estudantes do ensino profissional, portanto, temos outras vias e nós temos de ter uma oferta formativa que seja bastante diversa porque nós temos uma população de cem mil alunos que todos os anos entram no Ensino Superior. Nós temos de ter propostas formativas diferenciadas para uma população que é também ela muito diferenciada e que tem expectativas e necessidades diferentes para formação", explica, destacando ao mesmo tempo que tem havido uma "redução no número de cursos e no número de vagas que ficam por preencher".
"Temos o valor mais baixo desde o início do século de vagas sobrantes para a segunda fase, o que significa que há um progressivo ajustamento entre aquilo que são as preferências dos estudantes e aquilo que é a oferta formativa das instituições do Ensino Superior público", conclui.
Um dos destaques deste ano é precisamente o aumento do número de estudantes que decidiram escolher as licenciaturas em Educação Básica e Medicina e, questionado pela TSF sobre estes valores, Pedro Nuno Teixeira defende que estas são duas áreas que o Governo tem assumido "como prioritárias", o que significa que há um incentivo para o aumento do número de vagas.
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"No caso da medicina, isso é o resultado de uma alteração que foi feita este ano no quadro da revisão do sistema de acesso em que as vagas que sobraram do concurso especial para licenciados - que já existe há vários anos. Até agora, se essas vagas não fossem preenchidas, elas eram perdidas e a partir deste ano elas são reaproveitadas para o concurso nacional de acesso e permitiu-nos ter um aumento com algum significado em termos de vagas e também de colocados numa área em que há uma pressão muito grande para aumentarmos a capacidade formativa. No caso dos professores, é muito positivo porque obviamente nós podemos estimular o aumento de vagas, mas é preciso que haja aumento da procura, mas não só isso, como o aumento da procura com o aumento das primeiras escolhas, ou seja, nós estamos a captar melhores alunos para os cursos de formação dos professores e estamos a captar alunos que colocam como primeira opção", explica.
Sobre as dificuldades dos estudantes em arranjarem habitações a preços acessíveis, o governante adianta que "os alunos candidatos que se candidataram à bolsa ao mesmo tempo que se candidataram no concurso nacional de acesso, se forem elegíveis, vão receber, desde que seja possível verificar todos os dados, a confirmação de que têm bolsa".
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"E isso é para dar visibilidade e confiança aos estudantes mais carenciados, o que significa que haverá milhares destes novos estudantes que têm direito a bolsa - e que já no mês de setembro a vão receber. Isso parece-nos um passo muito importante para apoiar as famílias dos estudantes mais carenciados e para estimular a participação de jovens em famílias mais desfavorecidas, porque o Ensino Superior pode-lhes dar a oportunidade de uma vida e de um futuro bastante melhor", considera.
Como medidas adicionais, Pedro Nuno Teixeira avança que está em "marcha" o plano nacional de alojamento do Ensino Superior "com o maior investimento de sempre", pelo que a expectativa é que, "até ao final da legislatura", seja possível "quase duplicar a oferta, além de melhorar significativamente a qualidade e a acessibilidade das instalações".
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"Mas também temos de trabalhar no imediato para estes novos estudantes que são colocados e, enquanto a capacidade não aumenta - porque ela vai aumentar sobretudo a partir de 2024 -, temos reforçado o complemento de alojamento que é pago aos estudantes bolseiros que estão deslocados e que têm comprovativo de que estão a suportar esse custo", remata.