"É uma das prioridades." Vai ser possível saber a localização exata das chamadas para o 112
Sistema utilizado até agora pelo serviço de emergência permite apenas a localização da antena mais próxima do local da chamada.
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A partir de 2023 vai ser possível conhecer a localização exata das chamadas para o 112. O serviço vai ser modernizado e o novo sistema vai permitir saber ao certo de onde os telefonemas estão a ser feitos. O concurso público para a modernização do sistema deve ser publicado esta quinta-feira em Diário da República.
No caso das ligações feitas por telemóvel, o sistema utilizado até agora pelo serviço de emergência permite apenas a localização da antena mais próxima do local da chamada, mas que pode estar a vários quilómetros de distância.
A partir de 2023, as centrais operadas pela PSP vão passar a receber a localização exata de quem usa o telemóvel com ligação à internet, assegura o Jornal de Notícias.
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A nova funcionalidade vai ser útil nos casos em que a pessoa que telefona para o 112 não sabe onde está quando está confuso, nervoso ou em estado de choque. Também a aplicação que permite aos surdos contactar o 112 através de videoconferência será melhorada.
O processo prevê ainda que sejam criados sites remotos para recuperar dados caso o sistema principal fique inoperacional. O valor do concurso público é de 11 500 000 euros, mas mais de metade deste valor vai ser financiado a fundo perdido pelo Plano de Recuperação e Resiliência.
Um dos problemas com que o 112 se confronta há muito é o das chamadas falsas. Só nos primeiros sete meses do ano passado o INEM recebeu quase 250 pedidos de ajuda falsos por dia. Os dados são do próprio Instituto Nacional de Emergência Médica, que resultaram em mais de 52 mil falsas emergências.
"Forma mais eficaz de relação dos cidadãos com o 112"
José Luís Carneiro, ministro da Administração Interna, sublinha que esta mudança vai permitir aproximar as pessoas do 112.
"Trata-se de um concurso que tem em vista modernizar os centros tecnológicos do 112 e, ao modernizar esses mesmos centros, preparar já uma nova geração de tecnologia que vai preparar o 112 para algumas funções relevantes: garantir uma forma mais eficaz de relação dos cidadãos com o 112, que tem mais de oito milhões de chamadas por ano em circunstâncias de emergência", explicou à TSF José Luís Carneiro.
O ministro da Administração Interna destaca as três mudanças mais relevantes no funcionamento da linha de emergência.
"Com as novas aplicações previstas permitirá que se consiga localizar com maior facilidade os locais a partir dos quais os cidadãos pedem apoio de emergência. Esta nova relação com o número de emergência é uma das prioridades. A segunda prioridade tem a ver com a garantia da interoperabilidade entre o número de emergência nacional e a rede de emergência europeia. Por outro lado prepara para a modernização de uma app para cidadãos surdos, que passam também a ter novas ferramentas tecnológicas para interagir com o número", acrescentou o ministro da Administração Interna.
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O presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, Rui Lázaro, saúda as mudanças no funcionamento da linha 112, a mais relevante, mas não acredita que esta alteração seja eficaz.
"Trata-se de um modelo que já foi experienciado em 2012 e que depois se provou que não era eficaz porque não localizava exatamente as chamadas. Contudo, o modelo atual tem poucos anos, cerca de meia dúzia, e não veio facilitar a vida aos cidadãos que precisam da linha 112. Qualquer cidadão que, numa situação de emergência médica, ligue 112 tem de dizer e confirmar a morada duas vezes, primeiro na central integrada e depois na central do INEM. Obviamente que com o uso de novas tecnologias, nomeadamente aplicações móveis que permitam fazê-lo de forma automática, vem facilitar o sistema", afirmou Rui Lázaro.
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O responsável defende que havia outras urgências em relação à linha 112.
"A regionalização das centrais 112, por exemplo. É percetível a facilidade que traria ao sistema, nomeadamente um operador que more e que conheça apenas a zona da cidade onde trabalha não vai conhecer as aldeias ou lugares remotos no interior do país. Facilitava que este incremento tecnológico considerasse também a regionalização das centrais. A aposta continua ser essa", defende o presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar.