Os valboeiros, os barcos que no século XVI eram usados na pesca do sável e da lampreia e que eram o meio de transporte entre as margens do Douro, estão de regresso ao rio.
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Artur Sousa criou o Projeto Valboeiro - Oficina Fluvial, com o objetivo de manter viva esta tradição. Nas duas últimas semanas construíram um valboeiro com seis metros, usando apenas ferramenta de carpintaria.
Meia tonelada de pinho foi transformada num barco valboeiro. Os trabalhos contam com a orientação de Manuel Sousa, um dos últimos mestres de construção de valboeiros no Douro, juntamente com 10 formandos.
Artur Sousa, responsável pela Oficina Fluvial, diz que o objetivo é manter viva uma tradição com cinco séculos. "É uma das três embarcações típicas do Douro, os valboeiros eram usados para transporte de mercadorias, passagem entre margens e para a pesca do sável e da lampreia".
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A oficina Fluvial conta com 10 formandos, têm entre os 30 e os 70 anos. Octávio Santos faz parte do grupo. "Vim matar saudades de outros tempos, de andar nestes barcos. Eu usava-o para atravessar o rio, não havia pontes no meu tempo".
Na construção do barco valboeiro são usadas ferramentas tradicionais com a ajuda da arte e perícia da mão humana. A construção de cada embarcação demora entre oito a 10 dias.
Nelson Santos e Jerónimo Rocha, fazem parte do grupo de formandos e dizem que aproveitam a oficina para viajar no tempo. "Decidi candidatar-me, quando era criança o meu pai tinha um barco destes e foi uma forma de avivar a memória", diz Nelson santos. Jerónimo Rocha conta que "tinha um tio pescador e durante muitos anos acompanhou a pesca do sável e da lampreia".
O projeto Valboeiro - Oficina Fluvial conta com o apoio da União das Freguesias de Gondomar, Valbom e Jovim, juntamente com outras entidades como o Turismo do Porto e norte de Portugal.
Este domingo, o valboeiro foi batizado e navegou no Rio Douro. Artur Sousa, responsável pelo projeto, diz que no próximo ano o objetivo realizar uma nova oficina, mas até lá o barco está disponível para quem quiser viver esta tradição. "Vamos dar vida e uso ao barco, depois de legalizado, aos fins de semana estará disponível para quem quiser visitar e passear de forma gratuita".