Novo trator de 90 centímetros permite plantar mais videiras por hectare no Douro
O Viroc chegou esta a semana às quintas da The Fladgate Partnership. Foi construído em Itália e é o primeiro exemplar em Portugal.
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A região vinhateira do Douro passou a contar esta semana com uma nova máquina, que permite trabalhar em patamares mais estreitos e mais baixos. Este modelo de vinha possibilita melhor aproveitamento da terra, plantar mais videiras por hectare e aumentar a produção de uvas.
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Trata-se de um trator chamado Viroc, com apenas 90 centímetros de largura e é o primeiro exemplar em Portugal. Foi fabricado em Itália para a empresa de produção de vinhos no Douro, The Fladgate Partnership, que o apresentou esta semana na Quinta do Junco, no concelho de Sabrosa.
O diretor de viticultura, António Magalhães, sublinha que o trator cumpre três requisitos considerados essenciais pela empresa: "Eficiência no aproveitamento da terra para a vinha e do trabalho mecânico, bem como a segurança e o conforto do operador."
António Magalhães vê no Viroc uma máquina essencial para o trabalho mecanizado no Douro, tendo em conta a necessidade de aumentar o número de videiras por hectare, o que só é possível reduzindo a largura dos patamares de dois metros e trinta para metro e meio.
O diretor de viticultura da The Fladgate Partnership destaca que para uma inclinação normal no Douro, "a ocupação com vinha por patamar largo (2,3 metros) é de 2,1 quilómetros de sebe [de videiras] por hectare. Com o patamar de um metro e meio consegue-se aumentar a ocupação do solo em 36,5%".
Por seu lado, o administrador e diretor técnico da The Fladgate Partnership, David Guimaraens, lembra que nos modelos tradicionais de vinha "um hectare tinha 6000 videiras", quantidade que foi reduzida para "menos de metade" quando as vinhas começaram a ser mecanizadas. O modelo de patamares estreitos, onde o Viroc é agora essencial, permite ir até às "4000 a 4200 videiras por hectare", números que "variam consoante o declive".
David Guimaraens insiste que é preciso evoluir nos modelos de vinha para ter mais uvas por hectare. É que o normal é haver vinhas com "muitas videiras, cada uma a produzir pouco, mas a soma de muitas dá uma produção satisfatória". Daí que a apresentação do Viroc seja uma "etapa muito gratificante" para a empresa, já que "culmina muitos anos de evolução da viticultura".
Em 2009, o novo modelo de vinha que a The Fladgate Partnership implementou nas suas vinhas na Região Demarcada do Douro venceu o Prémio BES Biodiversidade, que reconheceu o contributo para a sustentabilidade no setor vitícola e a biodiversidade intrínseca a este novo modelo.