Na sessão de abertura do congresso do Chega, André Ventura definiu o objetivo de ser o terceiro partido mais votado nas próximas eleições autárquicas e criticou ferozmente o presidente do PSD, Rui Rio.
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O início do congresso do Chega tardou em chegar. Duas horas depois da hora marcada, já perto das 23h30, foi quando as Caves de Coimbra se abriram para deixar entrar militantes, apoiantes, convidados e jornalistas.
Quando finalmente subiu ao palco para inaugurar o congresso, André Ventura estabeleceu a ambição de ser a terceira força política mais votada nas próximas autárquicas, distribuiu palavras elogiosas ao Chega e acesas críticas à esquerda, mas também ao PSD de Rui Rio.
Ventura fez questão, primeiro, de assumir as "derrotas" que já sofreu, para depois enaltecer as "conquistas" do Chega na sua ainda curta existência. Começou por lamentar ter falhado o objetivo de ser o segundo candidato mais votado nas últimas eleições presidenciais, mas lembrou, de seguida, que, com ainda poucos meses de vida o partido conseguiu eleger um deputado e entrar na Assembleia da República.
Além de um grande elogio interno, o discurso de Ventura ficou marcado por acesas críticas à esquerda, mas também ao PSD de Rui Rio. Respondendo o presidente social-democrata, que tem vindo a afirmar que aceitará coligar-se com o Chega caso este se venha a moderar, André Ventura afirma que o partido não quer ser "um CDS 2.0".
"Dr. Rui Rio, nós não nos vamos moderar", avisou o presidente do Chega, que acusa o líder do PSD de ter ido ao congresso das direitas "humilhar-se", ao afirmar que o Partido Social Democrata "não é de direita" e ao procurar entendimentos com o Partido Socialista.
"O PSD não é oposição, é servente do PS", atirou André Ventura. "É uma vergonha!", contestou, prometendo que o Chega irá "até ao fim com o mesmo radicalismo" e que nunca se venderá "ao sistema".
Ventura vai mais longe e afirma mesmo que não terá de ser o partido a "pedir ao PSD" para formar Governo, que serão "os portugueses a exigir ao PSD que o Chega seja Governo em Portugal".
Pelo lado da esquerda, além do Partido Socialista, o Bloco de Esquerda foi o grande alvo do discurso, com Ventura a aludir à polémica com os imóveis de Robles e ao alegado caso de violência doméstica que envolveu o deputado Luís Monteiro.
Houve ainda espaço para indignação com a falta de oportunidades dirigidas aos jovens em Portugal, com as baixas pensões dos idosos, os privilégios da classe política e o mau funcionamento da Justiça.
"A Justiça a mim condena-me em quatro meses e a José Sócrates está há anos para o condenar. Não é justiça! É vergonha!", frisou.
Sublinhando que é preciso "limpar o país", Ventura referiu a esperança numa nova revolução em Portugal. "De que nos vale continuar de cravos ao peito e dizer "Abril, Abril!". Que Abril?", foi a questão que lançou a quem o ouvia.
Não sem antes citar Fernando Pessoa ("Falta cumprir-se Portugal") e Francisco Sá Carneiro ("O Povo tem sempre correspondido nas alturas de crise. As elites é que quase sempre o traíram"), o primeiro dia de congresso terminou com uma ovação de pé ao líder, o hino nacional, pirotecnia e uma selfie em palco.