Visão pode continuar a ser publicada apesar de processo de insolvência e "apareceu uma proposta"
"Apareceu uma proposta no valor de cem mil euros de alguém que não sei muito bem quem é, não falou primeiro connosco", explica à TSF Rui Tavares Guedes, representante do grupo de trabalhadores que ofereceu 40 mil euros para comprar a revista
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A assembleia-geral de credores decidiu esta quarta-feira que a revista Visão pode continuar a funcionar apesar do processo de insolvência em que está envolvida. No entanto, não houve apenas notícias positivas para o grupo de trabalhadores que está a tentar comprar a revista, já que "apareceu uma proposta" por valores superiores.
"O positivo é que há a possibilidade de a Visão continuar a ser publicada mesmo com a decisão de liquidação e a efetivação da liquidação da empresa. De negativo é não saber muito bem em que condições é que o administrador da insolvência poderá assegurar a manutenção dos postos de trabalho e os pagamentos das pessoas que estão disponíveis para fazer isso e uma decisão da Segurança Social e da Autoridade Tributária que ao pedirem relatórios independentes de avaliação faça com que este processo se prolongue para lá do razoável, portanto, depois já não haverá mais forças nem empenho para continuar a fazer isto", disse à TSF Rui Tavares Guedes, representante do grupo de 15 trabalhadores, depois da assembleia-geral de credores que decorreu no tribunal de Sintra.
Segundo Rui Tavares Guedes, uma avaliação independente implica um custo elevado e, além disso, chegou uma outra proposta para comprar a revista superior aos 40 mil euros oferecidos pelos trabalhadores.
"É uma surpresa que estava reservada para o fim desta assembleia em que foi comunicado que, além das propostas que o grupo de 15 trabalhadores que tem estado a fazer a Visão com outros e que tinha apresentado uma proposta que quantificava o valor de 40 mil euros - tendo as capacidades de um grupo de 15 trabalhadores com salários em atraso, foi o valor que nós apresentamos -, apareceu uma proposta no valor de cem mil euros de alguém que não sei muito bem quem é, não falou primeiro connosco, não nos auscultou, mas que foi apresentada e que está neste momento na assembleia de credores", explica.
Esta novidade cria dúvidas ao grupo de 15 trabalhadores: "Não tenho informações concretas de quem o autor da proposta a não ser o nome e isto cria-nos aqui uma incerteza, porque para nós a Visão não é um título, é um projeto jornalístico e é isso que nós queremos manter."
Os trabalhadores da Visão não recebem salário completo desde junho.