A exposição volta a ser inaugurada na cidade algarvia, onde não era exibida desde 2011.
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Ao entrar no edifício da antiga Lota de Portimão pode observar-se 30 fotografias, que estão agrupadas por regiões do mundo. "Mostram os maiores eventos, as notícias do último ano, como a guerra na Ucrânia, ou a situação no Afeganistão, mas também várias histórias que não tiveram o seu lugar nos holofotes", explica o curador da mostra.
Rafael Dias percorre a galeria e mostra o trabalho que ganhou o prémio maior, a fotografia de uma grávida a ser transportada de maca, depois do ataque à maternidade de Mariupol, na Ucrânia. Mas este representante da World Press Photo gosta particularmente da foto em que são visíveis as alterações climáticas, e em que se observa uma mulher peruana a transportar ao colo um animal, uma alpaca. "Com as alterações climáticas estas comunidades têm que se deslocar para altas altitudes e isso tem consequências na sua saúde", explica. No entanto, a sequência de fotos nesse expositor mostra uma solução: os veterinários da zona já estão a tentar conceber in vitro uma espécie de alpaca mais resistente a esta mudança do clima.
O trabalho destes fotógrafos premiados, que muitas vezes correm riscos para cumprir a sua missão, é acima de tudo um hino à liberdade de imprensa. " Vários fotógrafos que ganharam foram vítimas de processos judiciais e violência por fazer o seu trabalho", recorda Rafael. "Quando vimos à exposição da World Press Photo também estamos a apoiar a liberdade de imprensa (...), porque precisamos disso para ter uma democracia e defender os direitos humanos".
A exposição é organizada pela Associação Música XXI com o apoio financeiro da autarquia de Portimão. Há doze anos que a mostra não era inaugurada nesta cidade. Este ano é o retomar de uma tradição. João Neves, da Associação Música XXI recorda êxitos passados. " De todos os locais onde esta exposição transitou na Europa, chegámos a ser a segunda mais visitada, com mais de 50 mil visitantes", aponta. " Esperamos que este ano consigamos ter mais do que isso", afirma esperançoso.
Os 24 vencedores regionais e as seis menções honrosas da World Press Photo foram escolhidos por um júri independente, a partir de mais de 60 mil inscrições de 3752 fotógrafos, oriundos de 127 países, tendo sido selecionados quatro vencedores globais.
Fundada em 1955 na Holanda, a WPPh é uma organização não governamental sem fins lucrativos que promove o fotojornalismo e a liberdade de informação e de expressão, realizando vários eventos nesta área.
Fazem parte do itinerário da exposição World Press Photo 2023 cidades como Amesterdão, Estrasburgo, Sydney, Kinshasa, Montreal, Jacarta, Budapeste, Lodi, Taipé, Barcelona, Edimburgo, Auckland e Viena, entre muitas outras.
As imagens estarão expostas no edifício da antiga Lota, na zona ribeirinha e podem ser vistas gratuitamente entre 27 de julho e 16 de agosto, das 18h00 às 24h00, numa organização da Câmara Municipal de Portimão, com produção da Associação Cultural Música XXI.