Agricultores saúdam medidas do Governo para combater a seca. Mas deixam um alerta

O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal, Eduardo Oliveira e Sousa
António Cotrim/Lusa
Confederação dos Agricultores de Portugal vê com bons olhos as restrições anunciadas pelo governo para minimizar os efeitos da falta de água. Adiantamentos aos agricultores "podem ser uma ajuda à tesouraria dos agricultores neste momento". Mas não resolvem o problema.
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A solução perfeita para resolver o problema de seca só pode ser apresentada pela natureza: chuva e mais chuva. Mas, entretanto, há que tentar minimizar o problema. Desde já, o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Eduardo Oliveira e Sousa, saúda o facto de a preocupação quanto à falta de água ter chegado ao discurso político.
Na antena da TSF, Eduardo Oliveira e Sousa mostrou-se satisfeito com as medidas anunciadas pelo Governo. Na conferência de imprensa ao final da manhã, a ministra da Agricultura revelou que o Executivo já falou com a Comissão Europeia, para "fazer um reforço e simplificação dos adiantamentos". Dada a urgência do problema, os adiantamentos são bem-vindos. A necessidade imediata de medidas é positiva. Mas, para a CAP, não resolve o problema. "Esta ajuda vai adiar um buraco financeiro já anunciado", antevê Eduardo Oliveira e Sousa.
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"Quanto às barragens que fornecem os agricultores, o foco deve estar colocado na sobrevivência das culturas permanentes, especialmente agora durante o Inverno. O que é problemático é a probabilidade de a produção nas culturas intensivas ficar suspensa", admite o presidente da CAP. As medidas hoje anunciadas pelo governo são temporárias. Estão em vigor até ao próximo encontro da comissão que acompanha o estado de seca em Portugal, que vai acontecer em março, como revelou o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes. Caso o problema persista e se agrave, as restrições podem tornar-se "definitivas e obrigatórias".
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O problema é real. Mas pode ajudar a passar uma mensagem de alerta à população. "É necessário que toda a população comece a olhar para o recurso água como algo que não está sempre disponível. Vivemos um período de muita carência. Por isso, todos temos de poupar água". Do lado dos agricultores, o presidente da CAP deixa a sugestão de uma medida "efetiva" que, a ser colocada em prática, seria uma grande ajuda para o setor: reduzir o custo da energia.
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Depois da reunião da comissão de acompanhamento da seca, o governo anunciou restrições temporárias no uso de várias barragens do país. Há quatro barragens cuja água só será usada para produzir eletricidade cerca de duas horas por semana, de forma a garantir "valores mínimos para a manutenção do sistema". É o caso das barragens de Alto Lindoso e Touvedo, no distrito de Viana do Castelo, Cabril (Castelo Branco) e Castelo de Bode (Santarém). Também a barragem de Bravura, localizada em Lagos, no Barlavento Algarvio, deixou de poder ser usada para a rega.