Retoma do comércio. "Vai demorar algum tempo até atingirmos os valores pré-Covid"
Nas primeiras três semanas de reabertura do comércio após o estado de emergência, no Porto a quebra ronda os 50% e, em Lisboa, atinge os 70%.
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O comércio está a despertar mas ainda longe dos tempos pré-Covid. O balanço é das associações de comerciantes do Porto e de Lisboa.
Três semanas depois de terem reaberto portas, a 4 de maio, lojas até 200 metros quadrados (cabeleireiros, barbearias, stands ou livrarias) puderam voltar a receber clientes.
O Presidente da Associação de Comerciantes do Porto, Joel Azevedo, diz que, sem surpresa, a recuperação tem sido lenta e gradual. "Há comércio que está praticamente estagnado e outro que teve uma recuperação rápida, nomeadamente os cabeleireiros. Havia uma grande necessidade e procura." Joel Azevedo garante que os comerciantes estão otimistas e apela aos portugueses para que comprem "o que é nosso".
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"A maior parte está a recuperar gradualmente, lentamente, embora se sinta alguma recuperação. Estamos com alguma expectativa para que comece a crescer a partir de dia 1 de junho e sobretudo durante o período de férias."
Também Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do Porto, diz que a procura ainda está muito aquém do esperado, numa altura em que a quebra se situa nos 50%. "Não é de um momento para o outro que as pessoas carregam num botão e passam a frequentar restaurantes e passam a ir naturalmente a lojas", analisa Nuno Botelho.
No entanto, o presidente da Associação Comercial do Porto exalta o exemplo português durante a pandemia. "Os empresários das mais diversas áreas estão a apostar em dar confiança a quem os visita e a quem quer comprar, mas a a recuperação da confiança é um processo e um processo que leva tempo."
Neste momento, porém, faz-se um "balanço positivo", com a certeza de que "as coisas estão a evoluir, a economia está a retomar", mas de que "vai demorar algum tempo até atingirmos os valores pré-Covid".
Quanto ao cumprimento de regras, Nuno Botelho salienta que os portugueses têm sido exemplares. "O povo português tem dado um exemplo cívico extraordinário, quer os empresários dos mais diferentes serviços e comércio, quer o público consumidor", assegura.
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"Portugal foi um exemplo aquando do confinamento e está a ser agora durante o desconfinamento. Há muita esperança quanto a esta reabertura, e encaramos com entusiasmo esta tentativa de retoma da economia portuguesa."
Mas Maria de Lourdes Fonseca, presidente da União de Associações de Comércio e Serviços de Lisboa, faz um balanço mais pessimista: as quebras no negócio rondam os 70%. O consumo é "ainda muito reduzido", vinca a representante da União de Associações de Comércio e Serviços de Lisboa. "Tudo o que não seja bens de primeira necessidade, drogarias - que também acabam por ter alguma movimentação... As lojas de comércio normal de rua, moda, saparias têm muito pouco movimento; estamos a falar de uma quebra na ordem dos 70%."
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Maria Lourdes Fonseca encontra duas explicações para esta contração: o medo e o teletrabalho parecem ser os protagonistas, e levam muitas famílias a preferir as lojas de bairro. "Há um misto de receio e de indeterminação do que vai acontecer e os hábitos de consumo tendem a concentrar-se no essencial", assinala.
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"Com as crianças a terem aulas em casa e o teletrabalho, as pessoas acabam por fazer as compras no bairro, e o resto do comércio acaba por sofrer com isso." Para incentivar o comércio local, a União de Associações de Comércio e Serviços de Lisboa lançou, em conjunto com a autarquia, uma campanha de apoio aos pequenos lojistas.
Nas primeiras três semanas de reabertura do comércio após o estado de emergência, no Porto a quebra ronda os 50% e, em Lisboa, atinge os 70%.
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