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A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, anunciou, esta quarta-feira, que os trabalhadores informais (que pertencem à chamada economia paralela) também vão ter direito a apoios financeiros, no contexto da pandemia de Covid-19.
A revelação foi feita ao Jornal de Notícias pela própria ministra, que adiantou que as pessoas que não declaram rendimentos e não fazem descontos (como trabalhadores domésticos ou de biscates) irão ser ajudadas, em troca do compromisso de um "período de fidelização" à Segurança Social.
Esta é uma das medidas do pacote de reforço de apoios sociais estabelecido pelo Governo devido à Covid-19 e que deverá ser aprovado esta quinta-feira em Conselho de Ministros.
"Este pacote de medidas excecionais quer chegar a pessoas ainda não cobertas por sistemas de proteção social", afirmou Ana Mendes Godinho, citada pelo JN. "Queremos dizer-lhes que é importante pertencer a um sistema coletivo de proteção social, nestes momentos difíceis".
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Não se sabe ainda quantos trabalhadores poderão ser ajudados nem quanto tempo terão de se manter no sistema de Segurança Social.
Também os sócios-gerentes de empresas com empregados poderão receber apoio financeiro, desde que a faturação não tenha atingido os 80 mil euros no último ano. Em causa deverão estar cerca de 190 mil pessoas, adianta a ministra do Trabalho.
Foi ainda criada uma medida para os trabalhadores que correm o risco de ficar desempregados e entrar numa situação de pobreza, sem direito a subsídio de desemprego normal. Passar-lhes-á a ser pago um subsídio social de desemprego, caso tenham feito descontos durante pelo menos 90 dias nos últimos 12 meses ou tenham feito descontos durante 60 dias e perdido o trabalho porque acabou o contrato ou foi denunciado durante o tempo experimental.
O pacote de medidas vai também incluir os trabalhadores independentes. O Governo vai garantir que os trabalhadores no primeiro ano de recibos verdes (que estão isentos dos descontos para a Segurança Social) não perdem o apoio dado aos restantes trabalhadores independentes, pelo que ser-lhes-á atribuída uma ajuda financeira, calculada em função da média da faturação declarada.
"Se vier a concretizar-se, é bastante importante"
Em declarações à TSF, Jorge Pisco, Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas, afirmou ainda desconhecer todo o conteúdo das medidas que a ministra do Trabalho pretende implementar, mas considera que estas vêm ao encontro daquilo que a confederação tem vindo a defender.
Jorge Pisco indica as medidas defendidas pela Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas
"Temos defendido que o Governo deverá apoiar as empresas e criar com urgência uma medida que enquadre também o apoio aos sócios-gerentes com carreira contributiva para a Segurança Social", relembra Jorge Pisco. "Se isso se vier a concretizar, é bastante importante. Agora teremos que aguardar para ver."
As medidas fiscais são as mais urgentes para as PMEs
Jorge Pisco insiste que o mais urgente é a aplicação de medidas fiscais, como a criação de "um fundo de tesouraria para as micro e pequenas empresas" que seja "ágil, rápido, eficaz e sem burocracias excessivas". "Era a medida mais apropriada e mais urgente de que precisávamos neste momento", reforça, recordando que as empresas estão a passar grandes dificuldades" e que as ações tomadas pelo Governo até ao momento estão a ser ineficazes, com a existência de muitos pagamentos e linhas de crédito em atraso.

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