"Castigo" por não haver "adesão política à vontade do Governo"? Partidos estupefactos com mudança nas FA

Os partidos querem explicações do Governo devido ao processo de exoneração do chefe do Estado-Maior da Armada, que o Executivo pretende substituir pelo vice-almirante Gouveia e Melo. A Tutela é acusada de ter falta de sentido de Estado.

A deputada social-democrata Ana Miguel dos Santos considera que é uma trapalhada o modo e os termos em como foi proposta a demissão do chefe do Estado-Maior da Armada. A deputada do PSD considerou, numa intervenção no Fórum TSF desta quarta-feira, que o acontecimento coloca em causa a estabilidade das Forças Armadas. Para o PSD, diz Ana Miguel Santos, não está em causa a competência de Gouveia e Melo. Ainda assim, o partido vai pedir explicações ao Governo.

Diz-se "estupefacta e preocupada" a deputada Ana Miguel Santos, após as notícias que dão conta, na sua perspetiva, de uma "nomeação errática e inesperada, no sentido até da falta de oportunidade". A social-democrata explica: "No dia em que termina a missão da task force, fazer as coisas desta forma é o resultado de uma forte trapalhada."

A representante do PSD diz tratar-se de "uma forma errática de conduzir inclusivamente as Forças Armadas", e que "revela até uma falta de sentido de Estado na condução deste órgão de soberania".

O deputado do PCP António Filipe teme que o país esteja "perante uma partidarização, uma governamentalização das Forças Armadas que não é desejável".

"As Forças Armadas devem estar acima de quaisquer querelas partidárias. Há uma tutela governamental das Forças Armadas, mas não deve significar uma governamentalização." O parlamentar comunista sustenta que a exoneração do almirante António Mendes Calado é "muito preocupante", mas não pela possibilidade de nomeação do vice-almirante que coordenou a task force da vacinação contra a Covid-19. "Não está em causa o vice-almirante Gouveia e Melo e o seu perfil. O que está em causa é, de facto, a demissão do atual chefe do Estado-Maior da Armada, o contexto em que ela ocorre e o caráter insólito de uma demissão que se efetua poucos meses depois do seu início de funções."

A porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, também caracteriza as movimentações como "preocupantes". A deputada defende que "aquilo que não pode acontecer, e temos de ter, de facto, essa preocupação, é que tensões políticas ou conflitos entre o Governo e aquela que é a posição dos chefes de Estado-Maior da Armada possam levar a demissões".

Inês Sousa Real questiona se António Mendes Calado não estará a ser alvo de "castigo" por não haver "adesão política" àquilo que é a "vontade do Governo", e considera que a questão tem de ser "cabalmente esclarecida, para que não restem dúvidas quanto à conduta do Governo neste processo".

Já se Gouveia e Melo for escolhido para o cargo, as dúvidas esmorecem. Inês Sousa Real advoga que o vice-almirante "deu provas mais do que dadas", com a "postura que teve ao longo de todo o plano de vacinação", de ser uma "pessoa equidistante e que não se deixará condicionar pela pressão que poderá ou não existir por parte do Governo".

O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, vai propor ao Presidente da República a demissão do chefe do Estado-Maior da Armada. De acordo com fontes ligadas à área da Defesa, o atual chefe do Estado-Maior da Armada, almirante António Mendes Calado deverá, por proposta do Governo, sair do cargo que ocupa desde 2018. O vice-almirante Gouveia e Melo, que chefiou, até agora, a task force da vacinação contra a Covid-19, vai ser proposto pelo Governo ao Presidente da República para substituir António Mendes Calado.

*Notícia atualizada às 14h05

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