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Hélder Amaral, antigo deputado, antigo presidente da distrital de Viseu do CDS, não vira as costas ao partido. Em entrevista na Manhã TSF, conduzida por Fernando Alves, o centrista reforça que uma ovelha está a comandar um exército de leões, mas explica por que não abandona o CDS-PP. "Eu fiz política muitas vezes sozinho, fui deputado, 20 anos depois, consegui ser vereador no CDS num conselho dificílimo. Estou habituado a resistir, aliás, prefiro um leão a liderar um rebanho de ovelhas do que uma ovelha a liderar um rebanho de leões; nunca vira a cara à luta, e eu não vou virar desta vez."
Ouça a entrevista de Fernando Alves com Hélder Amaral.
O antigo dirigente da distrital de Viseu admite que tem sofrido ao longo do último ano, mas reflete que a coragem é o lugar onde quer permanecer. "Não se abandona o partido, porque é isso que esta atual liderança quer. É nessa coragem que eu me quero situar, e não pondero para já, embora deva confessar que há um ano que sofro e que vejo com muita mágoa, dia após dia, desde logo a saída de tantos militantes que admiro e que sempre respeitei, com quem aprendi muito."
Há um ano, em entrevista ao jornal Expresso, Hélder Amaral vaticinava a morte do seu partido. "Quando eu disse o que sentia, não havia congresso, havia uma disputa, havia esta diferença entre todos nós, militantes do CDS", rememora. Hoje, ainda o vê como um "partido incapaz de ser aquilo que sempre foi: uma casa aberta de todas e de todos que são de direita, cristãos e conservadores", e critica, no seu seio, "a falta e a incapacidade de falar para fora, de ser útil ao país, de ser útil à mudança que sempre quisemos fazer em Portugal", a "forma deliberada de quase perseguição e de excluir todos aqueles que pensavam de forma diferente", uma "tentativa de criar um novo partido" e "a forma como o partido desvalorizava e até festejava a saída de militantes que lhe deram muito".
"Sentia que o partido estava a afunilar de forma deliberada. Sentia que o partido estava a perder a utilidade. Perdendo a utilidade, o partido morre." Hoje, as preocupações ainda não foram diluídas, e o eleitorado vai deixando alertas. "Basta a qualquer dirigente conhecido andar na rua para saber que a pergunta que mais lhe fazem é: 'O que é que aconteceu ao CDS? O que vai ser do CDS? Por que é que o CDS está nesta circunstância?'"
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"Infelizmente, gostaria de não ter razão, gostaria de ver ultrapassado esse sentimento, mas ele agravou-se, e agravou-se de forma significativa", lamenta. Porém, resistindo.