"Crise é brutal, mas é conjuntural." Governo acredita em "recuperação vigorosa" no próximo ano
Ministro dos Negócios Estrangeiros espera que economia recupere níveis de 2019 daqui a "dois ou três anos".
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O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, garante que a natureza da crise provocada pela pandemia da Covid-19 não põe em causa a estratégia de internacionalização da economia portuguesa.
Ouvido no Parlamento, esta manhã, pela Comissão de Economia, o ministro mostrou-se convicto de que, apesar das dificuldades que vão surgir nas exportações, Portugal e a Europa serão capazes de uma recuperação rápida.
"Esta é uma crise brutal, que eu tenha caracterizado como uma pancada na nossa economia e na nossa sociedade, mas é uma crise conjuntural", sublinhou Santos Silva. "Todas as projeções que apontam para significativa redução do produto e do rendimento este ano apontam também, ao mesmo tempo, para vigorosas recuperações no próximo ano."
"Esperamos, em Portugal e na zona euro, que consigamos recuperar os níveis de 2019 em dois a três anos", adiantou o ministro.
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Augusto Santos Silva considera que esta pode ser a oportunidade para a Europa fazer algumas correções com base em lições já aprendidas, como a de que é necessário garantir cadeias de fornecimento mais próximas no que toca aos "bens e serviços públicos essenciais, designadamente de natureza sanitária".
Outra das lições constatadas é a de que é preciso "aumentar a soberania económica da Europa, a sua capacidade de regular os seus próprios processos e cadeias de produção e abastecimento".
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Há ainda que proceder a uma "reindustrialização da economia europeia", uma vez que, segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, "a globalização é uma coisa boa, mas a hiperglobalização (como todos os excessos, em economia) é um erro".
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Em relação à estratégia portuguesa, o ministro aponta desde já quais os eixos fundamentais: tornar Portugal num "núcleo de industrialização poderoso na Europa"; aproveitar as "enormes vantagens do ponto de vista da segurança humana" que o país oferece para o desenvolvimento do turismo; e levar os "ativos mais fortes" do país - "qualificação de recursos humanos, domínio plurilinguístico, tecnologia, qualidade de serviço e qualidade do ecossistema de conhecimento inovação, assim como a liderança na energia renovável" - a desempenhar um novo papel na recuperação europeia.
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Augusto Santos Silva defende que Portugal soube preservar ao máximo a capacidade das empresas e a confiança dos agentes, lembrando que, apesar de ter encerrado a maior parte do comércio, o Governo nunca ordenou o fecho da indústria e muitas empresas conseguiram adaptar a sua produção ao novo contexto da pandemia.
O ministro dos Negócios Estrangeiros salientou que, de uma forma global, "a imagem de Portugal sai reforçada desta crise" - não só pelo entendimento entre os poderes políticos, como também pelo respeito dos cidadãos pelas medidas adotadas, e, sobretudo, pela capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde.