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O Presidente da República assinala que tudo foi e está a ser feito para apurar se têm razão de ser as suspeitas que recaem sobre militares portugueses que estiveram em missões internacionais, em concreto na República Centro Africana. Os comandos e ex-comandos são suspeitos de estarem envolvidos numa rede de tráfico de diamantes, ouro e estupefacientes.
À chegada a Cabo Verde, onde se deslocou para a tomada de posse do seu homólogo naquele país, Marcelo Rebelo de Sousa decidiu contrariar a regra de não falar sobre assuntos internos, atendendo a que no caso presente está em causa a projeção internacional e de prestígio do país. O chefe de Estado, que é também chefe supremo das Forças Armadas, informa que não estava a par do processo, e que era suposto que assim fosse. Marcelo Rebelo de Sousa trata sobretudo de salientar que neste processo foram tomadas providências em devido tempo.
"Eu normalmente em território estrangeiro não faço comentários sobre a situação portuguesa, mas aqui é uma situação de projeção internacional, de prestígio das Forças Armadas, nomeadamente numa intervenção neste continente, continente africano", começou por dizer o chefe de Estado. "Logo que houve a denúncia, no final de 2019, as Forças Armadas, elas próprias, através do Estado-Maior General das Forças Armadas, em colaboração com o Estado-Maior do Exército, desencadearam as investigações. Segundo, a Polícia Judiciária Militar teve um papel nessas investigações. Terceiro, porque o âmbito era mais vasto, a Polícia Judiciária passou a intervir e a ter um papel fundamental nas investigações ao longo de 2020 e 2021."

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Agora, salienta Marcelo Rebelo de Sousa, "a ideia é levar as investigações o mais longe possível, para apurar o que se passa, confirmar se sim ou não são casos isolados - como à primeira vista há quem entenda que seja -, e portanto não afetam, em termos de generalização, em termos de prestígio das nossas Forças Armadas, que está incólume". O Presidente da República disse ainda que importa tirar a limpo se, como tudo indica, este é um caso isolado, estimando que, se assim for, a imagem do país e das Forças Armadas não afetará em termos de generalização a imagem das Forças Armadas portuguesas. Marcelo considera que o crédito português é "exatamente o mesmo" que verificou existir em março de 2018, quando esteve na República Centro Africana.
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"Aquilo que se passa é que as Forças Armadas, elas próprias, fizeram o que deviam ter feito. As instituições de investigação policial estão a fazer o que deve ser feito, e isso mesmo pude verificar em contacto com o senhor ministro da Defesa nacional e confirmando o que disse o senhor ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, bem como o Estado-Maior General das Forças Armadas." O chefe de Estado assegurou que as investigações "decorreram sob sigilo, pelos vistos a partir do final de 2019 e ao longo de 2020 e 2021", e que não teve conhecimento destas suspeitas até agora. "Uma das formas da intervenção é saber os pormenores daquilo que é investigado", sustentou.
Ouça as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa.

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Mais tarde, em declarações aos jornalistas na Cidade Velha, em Cabo Verde, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a sublinhar que o objetivo é levar as investigações o mais longe possível, para apurar o que se passa.
"Confirmar se são casos isolados, como à primeira vista há quem entenda que seja, e, portanto, não afetam, em termos de prestígio as nossas Forças Armadas. Aquilo que se passa é que as Forças Armadas fizeram o que deviam ter feito, as instituições de investigação policial estão a fazer o que deve ser feito e isso mesmo pude verificar em contacto com o senhor ministro da Defesa Nacional e confirmando o que disse o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, bem como o Estado-Maior-General das Forças Armadas que saiu com um comunicado", acrescentou o Presidente da República.