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Arménio Maximino, do Sindicato dos Trabalhadores dos Registos e Notariado, acusa a ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, de ter tido uma "atitude completamente autoritária, sem nenhuma razão, à frente de todos os utentes", contra os funcionários de uma Loja do Cidadão em Lisboa. O episódio terá acontecido há uns dias, contou o sindicalista à TSF. "No sábado, a senhora ministra da Administração Pública, Alexandra Leitão, foi à Loja das Laranjeiras."
Foi na Loja do Cidadão das Laranjeiras que, segundo Arménio Maximino, a governante se terá revoltado contra os tempos de espera e as filas no local. "Enquanto membro do Governo, em vez de lá ir dar uma palavra de apreço aos trabalhadores que dão o seu melhor e têm os meios que ela própria não dá, foi lá destratar os trabalhadores", critica o responsável do sindicato, que caracteriza o acontecimento como um "episódio lamentável que envergonharia qualquer ditador".
Ouça as acusações.
"A senhora ministra, tanto quanto sabemos, começou aos berros contra os funcionários, porque havia filas, porque um senhor estava à espera há 11 horas para ser atendido..." Arménio Maximino contrapõe, no entanto, que "há milhares de pessoas que não estão há 11 horas, estão há meses à espera de serem atendidos", dada a falta de meios e de recursos humanos que se tem vindo a agravar.
O representante do Sindicato dos Trabalhadores dos Registos e Notariado exorta, por isso, a ministra e o Governo a recrutarem novos trabalhadores, "em vez de fazerem bullying àqueles que diariamente dão o seu melhor e a quem não dão os meios necessários para poderem fazer as suas funções".
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"O Governo e as ministras da Administração Pública e da Justiça já receberam um sem número de missivas da nossa parte, denunciando o problema, propondo soluções. Até hoje, é um silêncio absoluto."
Em resposta à TSF, o gabinete da ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública confirmou a presença da governante no estabelecimento de Laranjeiras, pelas 14h00, do dia 4 de setembro, sábado, mas rejeitou todas as acusações "feitas pelo sindicato". A ministra dirigiu-se ao local, depois de advertida pela Agência para a Modernização Administrativa, entidade gestora das Lojas do Cidadão, acerca do tempo de espera de um cidadão, que se encontrava há mais de 10 horas a aguardar para ser atendido para a emissão de passaporte.
Nesta nova modalidade de atendimento ao público, após a retomada da prestação do serviço presencial, passam a ser distribuídas senhas diárias para atendimento espontâneo. Para dar cumprimento a esta distribuição, "a ministra deu indicação para que o cidadão fosse atendido imediatamente, até porque havia poucas pessoas a aguardar e, por isso, não haveria motivo para se manter o cidadão mais tempo à espera", revela a nota enviada à TSF pelo gabinete de Alexandra Leitão.
"A ministra demonstrou a sua preocupação com a necessidade de responder aos cidadãos em tempo razoável, o que não estava a acontecer naquele caso em particular", acrescenta o esclarecimento. O gabinete da ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública também aproveita para reconhecer que "os constrangimentos provocados pela pandemia aumentaram muito a pressão sobre os serviços", mas assinala que a ministra considera "que o cumprimento do seu despacho não pode ser posto em causa, uma vez que se trata de assegurar a qualidade dos serviços públicos prestados aos cidadãos".
"A ministra rejeita ainda todas as acusações feitas pelo sindicato, tendo se limitado a velar pelo cumprimento do que estava estabelecido no despacho", conclui a nota.
* Atualizado às 12h20