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Os preços dos combustíveis voltaram a aumentar significativamente esta semana em Portugal, mas António Costa acredita que os portugueses compreendem bem o que se está a passar, tendo em conta a "dramática situação da guerra" que o mundo vive e o impacto do conflito no preço do petróleo.
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"A transição energética não pode ser paga pelos mais vulneráveis"
"Temos prestado apoio significativo às empresas de transportes. Temos, por outro lado, um mecanismo que é fixado à sexta-feira em função da previsão do aumento do preço da semana seguinte para reduzir em ISP o montante da receita fiscal. Os preços só vão baixar quando a guerra parar e for restabelecida a normalidade no fornecimento do combustível. Estas medidas que podemos adotar do ponto de vista fiscal podem mitigar o impacto para os consumidores e para as famílias, mas mitigar não significa eliminar, significa apenas diminuir o impacto", explicou António Costa em Paris, onde está a visitar exposições sobre Gulbenkian.
Além disso, o governante admitiu que "a maior vulnerabilidade" da Europa é a "segurança energética". Para que essa vulnerabilidade seja ultrapassada, Costa defende que é necessário diversificar as rotas e portas de entrada de energia na Europa e voltou a lembrar que a Península Ibérica poderá ter um papel fundamental nesse aspeto.

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"Não podemos depender exclusivamente da Rússia nem de outros países. O Porto de Sines pode ser uma porta de entrada para toda a energia que possa vir do Atlântico. Aumentará muito a segurança do conjunto da Europa. Só com a capacidade instalada deste momento a Península Ibérica seria capaz de suprir 30% das necessidades de gás de toda a Europa", afirmou o primeiro-ministro.
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Este projeto terá financiamento europeu, mas Costa sublinha que exigirá cuidado.
"Os reguladores francês e espanhol consideraram que o projeto não tinha viabilidade, mas agora pode prever-se não só o gás natural como o hidrogénio verde e há também esta nova situação geopolítica. Precisamos de novas fontes de distribuição e receção de gás. O Parlamento Europeu já se manifestou favoravelmente e ficou expressamente dito que é fundamental valorizar o contributo da Península Ibérica. Não fazia sentido produzirmos mais só para nosso consumo. Esta nova realidade geopolítica confirmou que a Europa, para ser autónoma, tem de ter segurança energética e desenvolver as interconexões com a Península Ibérica.
Por fim, quando questionado sobre o facto de Rui Moreira ter pedido a Marcelo Rebelo de Sousa para não promulgar o Orçamento do Estado perante a insuficiência de verbas que prevê transferir para os municípios, o primeiro-ministro recusou comentar.
"Tenho uma regra: fora do território nacional não falo sobre assuntos de política nacional", acrescentou.