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A presidente do Instituto de Apoio à Criança considera os abusos sexuais de crianças situações "chocantes" e defende que a Igreja tem de assumir a responsabilidade dos casos que estão agora a ser revelados, mesmo que alguns já estejam prescritos.
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"É sempre muito chocante que se saiba de situações destas. Penso que a própria Igreja se sentirá também mais liberta desse peso se ela própria assumir que tem de denunciar", afirma Dulce Rocha à TSF.
A responsável acrescenta que "há sempre, eticamente, algo que foi quebrado, uma ética que foi deitada para o lixo" e, portanto, "a Igreja tem uma responsabilidade maior" nestas situações.
Dulce Rocha defende que a Igreja tem uma "responsabilidade maior" nos abusos de menores. Ouça as declarações ao jornalista David Alvito
Dulce Rocha faz parte das 20 personalidades desafiadas pela Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja a escrever um texto que, de alguma forma, seja um apelo para "dar voz ao silêncio". A presidente do Instituto de Apoio à Criança diz que o abuso sexual é um "pesadelo" e quis, sobretudo, passar a mensagem de que é importante para as vítimas falarem sobre o abuso que sofreram.
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Dulce Rocha explica que, de acordo com a experiência que tem de ouvir testemunhos, depois da revelação "há um alívio". "Porque, por mais que tentem querer não lembrar-se, todos os dias esse segredo atormenta a mente das vítimas", frisa, referindo que o abuso sexual que as crianças sofrem é um pesadelo que vai atormentá-las durante a adolescência e na vida adulta.
"A melhor forma de o combater é fazer a revelação e alguma terapia. Dá algum conforto, a pessoa sente-se liberta desse segredo. É um segredo que pesa muito", termina.
Presidente do Instituto do Apoio à Criança diz que um abuso sexual "é um segredo que pesa muito" e que revelá-lo traz "algum conforto"
Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhe-se, recebe na tarde desta sexta-feira a comissão que investiga os abusos sexuais na Igreja, um encontro que acontece numa altura em que vieram a público novos casos. Um padre ouvido pelo Expresso e pela RTP denuncia abusos por parte de 12 sacerdotes, sendo que metade está ainda ao serviço da Igreja Católica.
A par disso, o Expresso noticia também que, além de D. Manuel Clemente, outros bispos terão ocultado queixas de abusos sexuais. Reagindo às notícias, o Presidente da República disse que "é preciso levar a investigação até ao fim, demore o tempo que demorar, independentemente do número de casos que houver e daí retirarem as ilações".
A propósito das denúncias de abusos sexuais no seio da Igreja, o cardeal-patriarca de Lisboa foi esta manhã recebido pelo Papa. Através de um comunicado, patriarcado revela que foram abordadas as "últimas semanas que marcaram a vida da Igreja em Portugal". D. Manuel Clemente foi recebido, a seu pedido, em "audiência privada" e o encontro realizou-se num clima de comunhão fraterna e num diálogo transparente", acrescentava a nota.

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