Apoio da Cáritas de Aveiro aos sem-abrigo cresceu em tempos de pandemia

O Centro de alojamento temporário no edifício sede está cheio e tem havido encaminhamentos de emergência para outros alojamentos que a Cáritas arrenda. Mais do que oferecer um teto, através da rede local de parceiros, esta entidade trabalha na reinserção social destas pessoas.

A TSF entrou nas novas instalações deste Centro, que têm pouco mais de um ano. Ao contrário da valência que já existe há 21 anos. Aqui, todos os dias, são acolhidas dez pessoas sem-abrigo, que "veem as suas necessidades mais básicas satisfeitas", quer de alojamento, quer de alimentação e medicação, refere Dora Graça, a diretora técnica da Cáritas de Aveiro. Ao lado, João Barbosa, recém-chegado à presidência da Cáritas aveirense confirma que o trabalho final é o de reinserção, tentando que as pessoas se autonomizem.

Para além do alojamento, há também um atendimento de emergência aos sem-abrigo, que pode passar por encaminhamento para outras instituições ou proporcionar o alojamento em quartos de pensões.

Com a pandemia, há mais gente a bater à porta à procura deste apoio. "Tivemos um aumento de situações, que nos foi criando outras dificuldades", afirma, sublinhando que com o aumento do turismo na cidade houve "uma diminuição de quartos" nestas pensões e o próprio valor do alojamento "subiu imenso".

Uma inflação que tem dificultado a inserção social, pois a prestação que o sem-abrigo recebe não cobre o valor de um arrendamento. "Saem com uma prestação social, mas que não cobre o valor do alojamento. É um constrangimento muito grande", expõe a diretora técnica.

Este Centro de Alojamento de sem abrigos é temporário, mas as situações que por ali passam são morosas na solução. O trabalho de inserção social é articulado pela rede social de Aveiro.

O Centro de Acolhimento Temporário aos Sem Abrigo foi criado em setembro de 2000, através da celebração de um acordo de cooperação entre o Centro Distrital de Solidariedade e Segurança Social de Aveiro e a Cáritas Diocesana de Aveiro. É uma valência destinada ao alojamento temporário de homens sem-abrigo, com capacidade para dez utentes, que pretende, dentro de pouco tempo, permitir o acolhimento de mais uma pessoa.

Este Centro de Alojamento de sem abrigos é temporário, mas as situações que por ali passam são morosas na solução. O trabalho de inserção social "depende das características das pessoas que, muitas vezes, têm problemas de saúde associados com problemas de mobilidade ou de fragilidade, que comprometem a sua autonomia", explica.

O trabalho de inserção é feito em rede, "articulado e multidisciplinar em ligação com a rede social" de Aveiro, pois trata-se de um problema que requer um conjunto de saberes e de respostas.

Para além deste Centro de Acolhimento Temporário aos Sem Abrigo, a Cáritas de Aveiro tem ainda em funcionamento outros dois centros: um de acolhimento temporário de crianças e outro de atendimento às vítimas de violência doméstica, tendo inclusive uma casa abrigo para homens. João Barbosa, o presidente da Cáritas de Aveiro, prevê para breve o arranque da construção do novo edifício do centro de acolhimento temporário de crianças em risco, antevendo que abra portas ainda antes de 2025. "Temos a oferta de um terreno, dado pela autarquia local em 2009, com o projeto em fase de aprovação. Queremos que seja a nossa principal ação destes próximos quatro anos. Assumimos esse compromisso enquanto direção", garante.

Também o peditório que, todos os anos, a Cáritas realiza nas ruas, este ano, passou a formato online. Mais um constrangimento provocado pelo contexto de pandemia. João Barbosa diz estar preocupado com as finanças da instituição, garantindo que "este ano a Cáritas vai apresentar prejuízo". Alerta que há um orçamento que ultrapassa o valor de um milhão de euros para gerir e que é importante não abandonar a caridade e a assistência aos que mais necessitam. Por isso, a Cáritas de Aveiro deve avançar, em breve, com uma proposta de donativo de uma hora de salário.

Em todas as suas valências, a ajuda da Cáritas de Aveiro chega a cerca de mil pessoas.

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