"Fazem falta os outros feirantes." Restrições deixam Feira de Espinho a meio gás

Só podem ser vendidos produtos frescos, como frutas e legumes.

A Feira de Espinho está a meio gás esta segunda-feira. Por causa da Covid-19, os comerciantes só podem vender bens alimentares. Por isso há menos bancas e também menos clientes.

Só podem ser vendidos produtos frescos, como frutas e legumes. Susana é feirante há muitos anos e, até às 8h, ainda não tinha vendido nada.

"Ainda não se vendeu, fazem falta os outros feirantes. Não sei porque é que o presidente não deixou os outros feirantes vender, sem eles nós não vendemos. Não é motivo para deixarem de fazer a feira porque é ao ar livre, há muitas coisas mal em espaços fechados que são piores que isto", desabafou Susana à TSF.

Perante este constrangimento, os feirantes até levaram menos mercadoria para a feira, mas reconhecem que já previam que esta não corresse tão bem porque os clientes já gastaram muito dinheiro no Natal e Ano Novo.

"Com esta falta de feirantes, menos pessoas vêm à feira porque geralmente as pessoas vêm aqui mais para comprar roupitas baratas, etc. Graças a Deus já me estreei hoje, também já tenho os meus fregueses criados. Já vendo há 50 anos, mas tem de se esperar por dias melhores", acrescentou Gracinda.

O presidente da Associação de Feirantes do Distrito do Porto, Douro e Minho, Artur Trindade, acusa a autarquia de estar a prejudicar as atividades ao ar livre.

"Fomos impedidos de trabalhar, de ter o nosso ganha-pão. Os números são efetivamente altos, mas são altos em todo o país, não é só aqui no município de Espinho e temos aqui um presidente da Câmara que resolveu, pelo parecer da Proteção Civil, encerrar o negócio das pessoas. Está a privar a atividade, encaminhando os clientes da feira para outros setores fechados e comércios e aí já não têm problemas em contaminar as pessoas. Não compreendemos esta decisão", afirmou Artur Trindade.

O responsável da Proteção Civil municipal, Pedro Louro, justifica a medida pelo aumento exponencial de casos de Covid-19 no concelho.

"Estamos todos cansados deste contexto de pandemia e, lamentavelmente, temos de voltar a algumas restrições. A medida tomada tem a ver com o facto de, ao longo da última semana, termos registado um total de 400 casos no concelho. É o número mais elevado de sempre, um crescimento exponencial, com tendência a crescer ao longo das próximas semanas e, como deverá compreender, ao nível municipal será importante acautelar todas as medidas que permitam combater estes dados", justificou.

Pedro Louro explica também porque é que apenas o setor alimentar pode estar aberto na Feira de Espinho.

"O setor da alimentação vende bens básicos para as pessoas e tem a particularidade de que os bens, se não forem vendidos, poderem estragar-se. Só este setor admite entre oito a dez mil pessoas por dia quando está aberto. Manter toda a feira aberta seria quase quatro vezes mais, o que no entender das autoridades de saúde e da Proteção Civil seria um aglomerado de pessoas muito grande numa altura e semana em que é pedida contenção ao país", acrescentou Pedro Louro.

Em causa está a decisão do novo executivo PS deste município do distrito de Aveiro que, para evitar a disseminação da Covid-19, encerrou todos os equipamentos culturais do concelho até 9 de janeiro e alterou também o funcionamento dos seus mercados ao ar livre, impondo "a suspensão da atividade da Feira da Revenda [à sexta-feira], da Feira dos Peludos [no primeiro domingo do mês] e da Feira Semanal, excetuando a venda de bens alimentares e produtos perecíveis".

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