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O Governo lança, esta terça-feira, um concurso público internacional de ideias para construir uma nova ponte sobre o rio Douro, entre o Porto e Vila Nova de Gaia, a poucas centenas de metros da Ponte da Arrábida.
Esta será a primeira grande obra do Plano de Recuperação e Resiliência (mais conhecido como "Bazuca") e o Ministro do Ambiente e da Ação Climática - com a tutela desta área - explica à TSF que não será um projeto simples.
"Temos pressa em fazer estes investimentos para que a economia possa recuperar após a pandemia, mas há coisas que não se conseguem fazer depressa e uma delas é uma ponte sobre o rio Douro, entre duas fragas no Porto e em Gaia, a 500 metros a poente da obra maior do Edgar Cardoso, que é a Ponte da Arrábida, e a nascente da Ponte Luís I, que é uma ponte da escola do Eiffel. Tem que ser um projeto muito cuidado", refere João Pedro Matos Fernandes.
O ministro acrescenta que fazer uma ponte destas é um "desafio técnico extraordinário" e acredita que será possível "atrair os melhores projetistas de pontes do mundo" num concurso mundial de ideias para projetistas de pontes.
As propostas de projetos têm quatro meses para ser apresentadas e serão elas que irão dar um cálculo final do custo da obra e da sua exequibilidade, apesar de, à partida, o Governo ter uma estimativa de cerca de 50 milhões de euros.
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De Metro, a pé ou de bicicleta
A ponte será para uso do Metro, mas com passeios "generosos" para atravessar o rio a pé e de bicicleta, ligando o Campo Alegre, no Porto, ao Arrábida Shopping, em Vila Nova de Gaia .
O ministro espera que, tal como as outras pontes do Douro, esta também seja um "ícone da cidade": "Não podemos perturbar a vista da Ponte da Arrábida com esta nova ponte e o rio Douro entre o Porto e Gaia é mais belo pelas extraordinárias pontes que tem", afirma.
Na escolha do projeto vencedor, a qualidade estética e a integração na paisagem vão ser fatores decisivos, com o Governo a referir que, mais que o projeto de engenharia, a parte mais complexa da obra será conjugar esta ponte "com as outras pontes do Douro": "Vai ter de 'falar' muito bem com as outras pontes e 'falar' muito bem com a paisagem daquelas duas espantosas fragas do Douro em ambas as margens", adianta o ministro.
O júri deste concurso de ideias será composto por 11 elementos, incluindo, entre outros, os arquitetos Eduardo Souto de Moura, Alexandre Alves Costa, Inês Lobo, e o professor Rui Calçada.
Expansão do Metro entra já em obras
O Governo vai ainda consignar esta terça-feira as empreitadas de expansão da Linha Amarela do Metro do Porto e de início da construção da nova Linha Rosa.
A meta é prolongar até ao final de 2023 ou início de 2024 a Linha Amarela desde Santo Ovídio até Vila d'Este, reforçando a cobertura do Metro em Vila Nova de Gaia, iniciando, igualmente, a construção da Linha Rosa, que virá a ser de futuro uma linha circular do Metro do Porto.
A nova Linha Rosa será composta por quatro estações e cerca de três quilómetros de via, ligando S. Bento/Praça da Liberdade à Casa da Música, servindo o Hospital de Santo António, o Pavilhão Rosa Mota, o Centro Materno-Infantil, a Praça de Galiza e as faculdades do polo do Campo Alegre.
O investimento global nos projetos destas duas linhas ronda os 407 milhões de euros.
Espera-se que a ponte esteja concluída em março de 2026. Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Gaia, diz haver "nenhuma" margem para dúvidas quanto à necessidade desta obra. "Vai permitir uma ligação numa lógica de intermodalidade com a estação das Devesas, o que significa que verdadeiramente retiramos as pessoas duma excessiva concentração junto à estação de General Torres e daí para baixo, para o Porto, quando na verdade querem ir à Boavista ou à Foz."
"Esta modalidade vai permitir que os comboios suburbanos ou de linha nacional que venham do Sul possam rebater com a linha de metro, e, a partir das Devesas, seguindo para a Arrábida, tenham o seu percurso em transporte público ambientalmente eficiente para o Campo Alegre, Polo Universitário e Casa da Música", explica o autarca.
Eduardo Vítor Rodrigues destaca dois objetivos principais da obra: descongestionar a linha amarela - a mais rentável mas com mais procura - e aliviar o trânsito da Ponte da Arrábida, "que tem um congestionamento enorme".
Autor do projeto da última ponte construída entre o Porto e Vila Nova de Gaia vai entrar no concurso internacional
O engenheiro Adão da Fonseca desenhou a Ponte do Infante, inaugurada em 2003, e agora, aos 74 anos, vai lançar-se nesse novo desafio. Pela imaginação já lhe passam esquissos que não revela, ainda sem saber ao certo onde irá nascer a ponte.
"Havendo um concurso, é muito importante que a fase de conceção e de criação seja confidencial", realça, em declarações à TSF, lembrando que não é apropriado revelar ideias, embora as tenha.
À espera de mais dados, Adão da Fonseca garante que "a estética e a integração paisagística é possível e é fácil, mas tem de ser trabalhada" e aponta a "extraordinária relevância" da pontes do Porto, pelo que a nova obra tem de vir enriquecer este património.
Ouça as declarações de António Adão da Fonseca.