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O vice-presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública considera que a deteção da subvariante da variante delta do SARS-CoV-2, AY4.2, não é razão para alarme, embora admita que será necessária uma atenção redobrada e um acompanhamento da evolução da estirpe que contabiliza, em Portugal, nove casos.
Em declarações à TSF, Gustavo Tato Borges também afasta que a deteção desta subvariante mais infecciosa deva levar a que sejam "recomendadas outras medidas governamentais de proteção da nossa população".
"Vamos ter de estar bastante atentos a estes nove casos, para perceber quantos vão dar, se de facto originam mais doença grave ou menos doença grave, para então, sim, em seguida, tomarmos alguma medida. E quem fala desta variante fala de novas que possam ainda vir a aparecer." O médico realça que "o objetivo é estarmos sempre atentos, para minimizarmos o impacto em termos de gravidade da doença e da mortalidade", mas rejeita dramatismos: "Em termos clínicos, isto não parece traduzir uma gravidade acrescida, o que deixa de ter, em termos médicos, uma grande preocupação. Em termos epidemiológicos, temos uma cobertura vacinal que mais nenhum país no mundo tem, e uma variante que é ligeiramente mais infecciosa não deverá ter um impacto muito grande, exatamente por causa da nossa cobertura vacinal."
Gustavo Tato Borges acredita que é necessário analisar se os casos vão aumentar muito, e que estes nove casos da AY4.2 não justificam o aumento do número de contágios dos últimos dias. O vice-presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública defende que Portugal pode mesmo ser um exemplo para o mundo, ajudando a realidade portuguesa a compreender como as novas variantes se podem comportar perante elevadas taxas de vacinação. "Acompanhando este aparecimento de novas variantes, que depois também chegam ao nosso país e são confrontadas com esta cobertura vacinal, há um estudo bastante engraçado de se fazer para perceber a capacidade que estas vacinas têm de minimizar o impacto em termos de mortes e de doenças, e perceber que Portugal acabou, de facto, por seguir um caminho - em princípio, parece ter resultado - bastante mais vantajoso."
Ouça as declarações de Gustavo Tato Borges.
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Para o especialista, esta situação da emergência de novas variantes reforça "a mensagem da importância da vacinação, e até mesmo, com esta terceira dose que estamos a dar agora aos mais vulneráveis", ajudar a perceber "se eles ficarão ainda mais protegidos para estas doenças".
"Portugal pode ser um sinal importante para o mundo inteiro" da vantagem "de estarmos vacinados", advoga Tato Borges, numa altura em que Portugal regista 85% da população vacinada contra a Covid-19.
A TSF tem insistido nos contactos com o Ministério da Saúde e a Direção-Geral da Saúde, para obter respostas quanto ao que está a ser feito face ao aparecimento desta variante que, na semana de 27 de setembro, já perfazia 6% dos novos casos no Reino Unido.

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