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O número bateu no fundo, entre Janeiro e Junho deste ano. O Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) realizou 37.675 do chamado "teste do pezinho", que cobre a quase totalidade dos nascimentos em Portugal. Trata-se de um mínimo histórico, já que é o valor mais baixo desde que começaram os registos, há mais de 30 anos.
Em comparação com o período homólogo (Janeiro - Junho) de 2020, nasceram menos 4474 bebés.
Aliás, desde que o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge divulga informação mensal do "teste do pezinho", só por duas vezes, nasceram menos de 40 mil bebés, entre Janeiro e Junho. Aconteceu em 2013 e 2014, com cerca de 39 mil recém-nascidos.
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Contudo, o primeiro semestre de 2021 atinge o recorde mínimo, como se pode ver na tabela elaborada pela TSF, com base nos relatórios do Programa Nacional de Diagnóstico Precoce do INSA.

© Fonte: INSA
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Entre Janeiro e Junho de 2021, quase metade dos bebés nasceram nos distritos de Lisboa (11.208) e do Porto (7008).
Seguem-se Braga e Setúbal com mais recém-nascidos, enquanto os distritos com menos registos são os de Bragança e Portalegre, com cerca de 260 nascimentos.
Mas em percentagem, Guarda é o distrito que mais desce. Menos 27% de nascimentos em comparação com os primeiros seis meses de 2020.
Ainda assim, o número de "testes do pezinho" aumentou a partir de Março, altura em que o governo anunciou o plano de desconfinamento que seria aplicado em diferentes fases.
No distrito de Faro, há mesmo uma nota curiosa. No mês de Março, foram feitos mais testes do que os bebés nascidos nos hospitais da região. Pelos dados a que a TSF teve acesso, nasceram em Março, nas maternidades do Algarve, 352 bebés. Mas o Instituto Ricardo Jorge contabiliza 384 testes, ou seja, uma diferença de 32 crianças a mais.
Terá sido o facto dos números não baterem certo que levou o Centro Hospitalar Universitário do Algarve a detectar dezenas de bebés que ficaram por registar durante a fase mais critica da pandemia, tal como a TSF avançou no início de Junho.
Pandemia, demografia e saída de estrangeiros contribuíram para a queda
A demógrafa Maria João Valente Rosa entende que estes dados são sinal da insegurança que se viveu no país durante a pandemia e que levou muita gente a adiar a parentalidade.
Maria João Valente Rosa assinala o adiamento de muitos projetos de parentalidade devido à pandemia.
Além deste adiamento dos projetos de vida, também a saída de estrangeiros de Portugal, que "têm tido um contributo extremamente importante para a natalidade" terá contribuído para o baixo número de nascimentos. No ano de 2020, em cerca de 13% dos nascimentos em Portugal, "as mães tinham nacionalidade estrangeira".
Nascimentos de 2020 tiveram ajuda de mães estrangeiras.
O presidente da Associação Portuguesa de Demografia (APD), Paulo Machado, não vê com surpresa os dados da natalidade, mas lembra que a queda durante a crise financeira foi ainda mais alarmante: em 2013 e em 2014 "tivemos menos nascimentos do que em 2020".
Ainda assim, e apesar de não haver uma crise económica profunda, Paulo Machado não prevê grandes melhorias para o resto de 2021, mesmo que exista alguma recuperação económica.
Em relação à mediana desta década, 2021 será "um ano mau", mas o presidente da APD não deixa de assinalar que também há "menos mães", fruto de uma "estrutura demográfica envelhecida".
Presidente da APD prevê um ano mau e sem grandes melhorias.
Notícia atualizada às 14h38