Prevenção de fogos. Liga dos Bombeiros "não foi convidada" para reuniões entre MAI e autarcas
O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses sublinha que os planos municipais de prevenção de incêndios são da responsabilidade dos municípios, mas seria importante que a Liga dos Bombeiros fizesse parte dessa estratégia.
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O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, António Nunes, garante que não foi convidado para as reuniões que o ministro da Administração Interna vai ter com os autarcas para começar a preparar a época de incêndios e lamenta.
"A Liga dos Bombeiros Portugueses não foi convidada nem convocada para qualquer reunião preparatória no sentido de se discutir o dispositivo ou a forma do combate aos incêndios florestais de 2023. Não havendo essas reuniões preparatórias, não sei que reuniões é que o Governo vai fazer com os autarcas sobre esta matéria, não faço ideia", revelou à TSF António Nunes.
O responsável sublinha que os planos municipais de prevenção de incêndios são da responsabilidade dos municípios, mas seria importante que a Liga dos Bombeiros fizesse parte desta estratégia.
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"Nós, Liga dos Bombeiros Portugueses, as federações, corpos de bombeiros e associações humanitárias, uma vez que somos os agentes que vão ter de se organizar para participar no combate, seria interessante podermos assistir a essas reuniões. Mas, colocada a questão dos planos de defesa da floresta, de facto a Liga dos Bombeiros Portugueses não tem a ver com esse assunto que é estritamente da competência dos presidentes de câmara e o Governo fará as reuniões com quem entender. Outra coisa diferente é a preparação do dispositivo para o combate aos incêndios florestais. Se estamos a falar disso, reafirmamos que até agora não houve nenhuma reunião, nem com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil nem com o Ministério da Administração Interna sobre a matéria em foco", sublinhou o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses.
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Já o presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos, um dos distritos mais afetados pelos incêndios do verão passado, considera fundamental aproveitar o inverno para preparar o verão, mas sublinha que a fatura com estes encargos não pode ficar para as autarquias.
"É relevante que haja articulação, mas também consciência plena do que cada um pode e deve fazer em função também dos meios que venham a estar disponíveis. Tudo isso é importante, mas não pode ficar a cargo dos municípios um montante de despesa que eles não possam comportar. Pode e deve ser encontrado um equilíbrio entre os municípios e o Estado central. É possível, a esta distância, planear e organizar", explicou Rui Santos.
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O conhecimento e a proximidade das autarquias com a realidade local é um contributo fundamental para a estratégia de combate aos incêndios. O autarca de Vila Real dá alguns exemplos de medidas já no terreno.
"Neste momento fazemos contacto, aos domingos, por exemplo, com as nossas populações, sensibilizando-as, à porta das missas, para a necessidade de fazerem limpezas e de prepararem as suas propriedades para os incêndios florestais no verão. Também fazemos queimadas controladas, em conjunto com os pastores, garantindo-lhes a renovação das pastagens ao mesmo tempo que precavemos que esses mesmos pastores ou outras pessoas, de forma descontrolada, possam fazer essas queimadas em momentos mais perigosos", acrescentou o presidente da Câmara de Vila Real.