Pela primeira vez o Ministério da Educação tem um indicador que procura controlar a origem social e económica dos alunos recebidos por cada escola. As privadas continuam à frente, mas os resultados das públicas estão mais próximos do que nos tradicionais rankings divulgados pelos jornais.
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O indicador usado chama-se "Promoção do sucesso escolar" e apenas está disponível para os 2º e 3º ciclos. O ranking feito pela TSF para o 3º ciclo pode ser consultado aqui e aqui.
Na prática, continuam a surgir mais escolas privadas no topo, mas as diferenças que normalmente se encontram em relação às públicas diminuem bastante se tivermos em conta a origem dos alunos.
No ano passado, por exemplo, o ranking da TSF para os 2º e 3º ciclos só tinha uma escola do Estado no top 40 e aparecia no 18º lugar. Agora, várias das escolas privadas habitualmente no topo continuam bem colocadas, mas descem muitos lugares neste novo ranking.
Na comparação entre escolas públicas, aquela que surge no topo (apenas atrás de uma privada) fica na Mealhada e chama-se Escola Básica n.º 2 da Pampilhosa. Os seus alunos tiveram um desempenho que ficou 27 pontos percentuais acima do normal quando é comparada com outras escolas com alunos que tiveram um ponto de partida semelhante no 7º ano.
O diretor da escola admite que não estava à espera deste resultado, mas ficam satisfeitos. Fernando Trindade fala num trabalho de equipa. O responsável admite que provavelmente não fazem nada de muito diferente de outras escolas públicas e recorda o contexto em que a escola se encontra: "um meio entre o rural e o urbano, com uma envolvente familiar e sociocultural que não é a melhor para promover as competências que o ensino normalmente pede".
Paula Carqueja, presidente da Associação Nacional de Professores, sublinha que os rankings habitualmente feitos pelos jornais, televisões e rádios são injustos para as escolas públicas em que os alunos têm um contexto social e económico mais difícil.
A especialista afirma que o fosso entre públicos e privados parecia, pelos rankings, cada vez maior, pelo que o Ministério da Educação tinha de encontrar novos indicadores que não olhem apenas para as notas finais dos alunos, mas também para a sua origem.