Várias cidades em todo o mundo recebem a Marcha pela Justiça Climática. A TSF falou com dois dos subscritores em Portugal, D. Januário Torgal Ferreira e a rapper Capicua.
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Para que as negociações da cimeira do clima em Paris "não sejam apenas uma folha de excel, em que cada um puxa a brasa à sua sardinha", a rapper Capicua (Ana Fernandes) defende que é preciso pressionar os governantes nas ruas. Está em causa "um suicídio coletivo" que é urgente evitar, alerta.
As discussões sobre o clima e o desenvolvimento sustentável são há muito condicionadas pelos fatores económicos, os governantes "tentam zelar pelos seus interesses", mas Capicua diz que este é o momento de reconhecer que há questões mais graves em jogo, porque é "uma questão de sobrevivência".
Para evitar o descalabro, a rapper defende que os estados devem nomeadamente assumir compromissos ambiciosos para reduzir a emissão de gases com efeito de estufa, pagar multas se não cumprirem e criar fundos de investimento em energias verdes.
"Somos um pouco uma raça analfabeta"
D. Januário Torgal Ferreira avisa, por seu lado, que é preciso ter mais consciência dos problemas ambientais que afetam o mundo. O bispo emérito das Forças Armadas lamenta que as sociedades tenham um desconhecimento profundo sobre este tema: "Não quero ser deselegante, mas é isso que sinto dentro de mim... Nós somos um pouco uma raça analfabeta", desabafa.
O bispo diz estar preocupado também porque as consequências recaem inevitavelmente sobre os mais frágeis. "Está em jogo a própria vida, o oxigénio do universo e fundamentalmente o mundo dos pobres. Essa asfixia energética sobre o universo, quem vão ser os acolhedores da desgraça são sempre os do costume, são os pobres, são os abandonados, são os que não se podem defender", alerta o bispo.
Por tudo isto, D. Januário Torgal Ferreira e Capicua juntam-se a muitos outros subscritores na marcha pela Justiça Climática, nos quais se incluem Sérgio Godinho, Vhils, Pilar del Rio, Viriato Soromenho-Marques, Boaventura Sousa Santos, Francisco Louçã, João Cravinho, Francisco Ferreira e Filipe Duarte Santos.
Em Lisboa, a marcha tem início no Marquês de Pombal, no Porto começa no Largo do Terreiro e em Faro no Parque Ribeirinho. Manifestações marcadas para as 15 horas.