Empresário, assessor do Grupo Lena e amigo de José Sócrates está acusado de corrupção ativa e passiva, branqueamento de capitais, fraude fiscal qualificada e falsificação de documentos.
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Carlos Santos Silva, ex-assessor do Grupo Lena e amigo de José Sócrates, foi acusado pelo Ministério Público da prática de 33 crimes. Segundo a acusação, Santos Silva recebeu dinheiro que teria como destinatário o ex-primeiro-ministro.
O empresário foi, desde o início, apontado como o testa-de-ferro de José Sócrates. Em nota enviada às redações, o Ministério Público informa que Carlos Santos Silva está acusado de crimes de corrupção passiva e ativa, branqueamento de capitais (17 crimes), falsificação de documentos (10), fraude fiscal e fraude fiscal qualificada (3).
A acusação indica que o Grupo Lena obteve benefícios comerciais graças à atuação de José Sócrates enquanto primeiro-ministro. Carlos Santos Silva, diz o MP, "interveio como intermediário de José Sócrates em todos os contactos com o referido grupo". O empresário disponibilizou "sociedades por si detidas" para receber quantias destinadas a Sócrates. A justificação pela mudança de mãos do dinheiro passava pela "prestação de serviços".
José Sócrates, no centro da "Operação Marquês", é acusado de ter acumulado 24 milhões de euros, que aterraram numa conta da Suíça entre 2006 e 2009, com origem nos grupos Lena, Espírito Santos e Vale de Lobo. O dinheiro estacionado na Suíça teve como veículos contas bancárias controladas por José Pinto de Sousa e, mais tarde, por contas de Carlos Santos Silva ("neste caso, com prévia passagem por contas de Joaquim Barroca", ex-administrador executivo do Grupo Lena).
O empresário e amigo de José Sócrates tratou depois de transferir o dinheiro para Portugal, "através de uma pretensa adesão ao RERT II", que visava "a sua posterior colocação em contas por si tituladas mas para utilização no interesse de José Sócrates".
A "Operação Marquês" traduziu-se numa acusação contra 28 arguidos: 19 pessoas e nove empresas. O despacho final contém mais de quatro mil páginas e resultou das cerca de 200 buscas e das audições de 200 testemunhas, assim como das recolhas de dados de cerca de 500 contas bancárias.
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