Associação de apoio aos reclusos equaciona queixas contra diminuição do orçamento para comida nas prisões. Guardas prisionais avisam que decisão do governo vai geral revolta nas cadeias.
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A notícia de que o orçamento para alimentação nas prisões vai sofrer um corte de cerca de 11 milhões de euros está a causar indignação entre os guardas prisionais e os defensores dos reclusos.
Um caso "gravíssimo" que viola "os mais basilares direitos", exclama a presidente da Associação Portuguesa de Apoio ao Recluso (APAR). "Já não é uma questão de violação de dignidade da pessoa humana", mas sim "de sobrevivência", diz à TSF Joana Miranda.
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Para a APAR, a redução do dinheiro para comida nas prisões ultrapassa "tudo o que é aceitável em termos de sobrevivência das pessoas". A associação equaciona apresentar "queixas-crime" por considerar que a medida é inconstitucional e vai contra as normas europeias.
"O que o Estado está a fazer é, pura e simplesmente, condenar estas pessoas à fome", argumenta Joana Miranda
Guardas prisionais receiam o pior
"Vai ser muito, muito complicado", antecipa o presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional receando "muita contestação" dos reclusos e "momentos muito difíceis de gerir".
Jorge Alves recorda que já se registaram casos de reclusos que tentaram agredir funcionários de empresas de distribuição de alimentos "porque acham que a comida esta má ou porque tem pouca quantidade".
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Em resposta à garantia da ministra de que não faltará comida nas prisões, o sindicalista afirma que já aconteceu as empresas terem de voltar a confecionar comida porque "não chegou para todos".
Preocupado com os efeitos do corte orçamental na alimentação, Jorge Alves teme revolta nas cadeias e incapacidade para as travar: "Os guardas prisionais não são suficientes para conter as alterações da ordem que podem surgir e que já têm surgido nos refeitórios".
"Esperamos que a senhora ministra saiba o que está a fazer", conclui o presidente do sindicato.