O ex-diretor da PJM, agora detido, desmente antigo subordinado, negando ter estado na reunião oficial em que foi entregue memorando ao chefe de gabinete do ministro. Luís Vieira admite presença numa reunião, mas no dia seguinte à recuperação das armas, e para apresentar apenas um "relatório de piquete".
Corpo do artigo
Quanto mais pormenores se conhecem do caso, menos claro este parece. Há um dado novo a acrescentar ao caso de Tancos.
O coronel Luís Vieira, ex-diretor da Polícia Judiciária (PJ) Militar desmente que tenha estado reunido com Vasco Brazão, ex-porta-voz da PJ Militar, no gabinete do ministro da Defesa, quando, alegadamente teria sido entregue um memorando informal sobre a recuperação do material furtado em Tancos, avança o jornal Expresso.
Luís Vieira afirma que houve apenas uma reunião a 19 de outubro, no dia seguinte à recuperação das armas, para entregar ao ministro da Defesa um relatório do piquete dessa noite, mas que um encontro em novembro para a entrega de um memorando informal sobre o caso não aconteceu, pelo menos na sua presença.
O ex-diretor e o porta-voz da PJ Militar terão, nessa reunião de 19 de outubro, entregue um relatório ao então chefe de gabinete do ministro da Defesa, o tenente-general Martins Pereira, uma vez que o ministro Azeredo Lopes estava ausente, em Bruxelas. Azeredo Lopes esteve, de facto, em Bruxelas, numa reunião de ministros de Defesa da NATO, mas nos dias 8 e 9 de novembro, como assinala o jornal Público .
Esta versão desmente o relato feito pelo major Vasco Brazão, que afirmou ter estado com Luís Vieira no gabinete do ministro Azeredo Lopes para apresentar um memorando sobre o alegado encobrimento, que diria respeito a uma operação resultante de um acordo com um informador para que as armas furtadas fossem devolvidas.
António Martins Pereira admitiu, esta quarta-feira, ter documentação referente à reunião no Ministério da Defesa com o coronel Luís Vieira e o major Vasco Brazão , documentação essa que só agora entregou ao DCIAP.
O tenente-general garantiu que foi entregue às autoridades a "documentação verdadeira" - dando a entender que Vasco Brazão, que já pediu para ser ouvido novamente pelo tribunal, pode surgir com documentação diferente.
O advogado do major Brazão, Ricardo Sá Fernandes, veio publicamente afirmar que há apenas um documento em causa - o único que existe - e que espera que Martins Pereira honre a verdade.
O ministro da Defesa afirmou que o seu antigo chefe de gabinete "agiu, com certeza, de acordo com o que considerou ser o seu dever", não confirmando, no entanto, se terá visto o memorando de que agora se fala.
Já o primeiro-ministro António Costa reafirmou, durante o debate quinzenal no Parlamento, que o ministro da Defesa e o próprio desconhecem o documento, agora nas mãos das autoridades judiciais.