Em 1987, Manuel Abecasis criou no IPO de Lisboa um serviço que desde então transplantou duas mil pessoas e salvou muitas vidas.
Corpo do artigo
Nasceu em Lisboa em 1950 e fez a especialização em Inglaterra, em Hematologia. Estava no lugar certo no momento certo, diz como se fosse fácil.
Em 1987, Manuel Abecasis criou no IPO de Lisboa um serviço que desde então transplantou duas mil pessoas e salvou muitas vidas. Tinha aprendido com a maior referência de então nos transplantes de medula óssea, Ray Powles, no Royal Marsden Hospital, em Londres.
A assinalar os 30 anos do seu serviço, foi feito um livro com 30 relatos de casos de êxito. E estão em curso as obras para um novo serviço, com maior capacidade, que ficará pronto em 2018.
Manuel Abecasis é o diretor do Serviço de Transplantação de Medula óssea do IPO de Lisboa. Na verdade, não bem este o nome do serviço, é mais complicado.
Podemos ser mais sofisticados e dizer Transplantação de Progenitores Hematopoiéticos. Hoje utilizamos com muito mais frequência células que não são provenientes da medula óssea, células que conseguimos colher numa veia de um braço. Conseguimos, antes que isso se processe, fazer com que essas células vão da medula óssea para o sangue periférico. Essas são as progenitoras hematopoiéticas, células muito primitivas, com a capacidade de regenerar completamente uma medula óssea nova. Tanto podem existir na medula óssea, que é o seu local habitual de residência, como podem ser convocadas para passarem para o sangue. Naturalmente uma colheita no sangue periférico, para um dador, é mais confortável do que na medula óssea.
A colheita era feita nos ossos?
E que ainda se faz.
Todas essas novidades aconteceram em poucos anos, três décadas.
É o tempo de uma geração.
Aparece em todas as fotografias com o cabelo branco, e como não encontrei a sua idade no currículo, pensei que tivesse nascido antes.
Eu era muito loiro e os loiros ficam com o cabelo branco com mais facilidade. Tenho o cabelo branco há 20 anos. Quando comecei o serviço no IPO tinha 36 anos.
O que o levou a interessar-se pela possibilidade de curar doentes com doenças que se consideravam impossíveis, como leucemias, linfomas?
Fiz a minha especialidade em Inglaterra. Aos 27 anos fui trabalhar em Hematologia, quando a ideia de transplantação estava a começar. Trabalhei em Liverpool, depois fui para Manchester. Foi uma coisa que me interessou imenso. Pensei que com o que tínhamos para oferecer aos doentes, a muitos deles não conseguimos curá-los. E o transplante parecia ser uma porta que podia conduzir à cura. Falava muito disto com o meu mentor da altura, o meu chefe, o doutor James Chang. Um dia, ele disse-me que havia uma vaga no hospital Royal Marsden, de Londres, na altura o principal centro da Europa de transplantação, com imenso prestígio. Por que é que não concorres? Concorri, fui a uma entrevista e voltei para Manchester. Depois recebi um telefonema do diretor do programa, o dr. Ray Powles, a dizer "Olá Manuel, está bom? Então quando quer vir trabalhar connosco?"
Nem acreditava?
Nem acreditava, e disse-lhe que ia logo que tivesse a situação regularizada em Manchester. "Veja se se despacha". Arranquei para Londres, levando a família atrás. O Hospital Royal Marsden tem um polo em Fulham Road, em Londres, e outro em Sutton, perto de Getwick. É nesse polo que têm a Hematologia e a transplantação. Sentia-me nas nuvens.
Estava tudo a começar?
Eles já tinham começado uns anos antes. Fui para lá em 1981 e eles tinham começado em 1977 ou 1978. O doutor Powles era um homem de muitas ideias e teve nessa altura uma ideia brilhante, que veio revolucionar a transplantação de medula. Os resultados até à data não eram muito entusiasmantes, porque há uma complicação que, na altura, era a principal causa de morte dos doentes, a doença do enxerto contra o hospedeiro.
Essa complicação surge em muitos casos relatados no livro. Acompanhou vários casos em que isso aconteceu.
Continua a acontecer, e não é mau que aconteça porque os doentes que têm essa complicação, desde que seja controlada, têm menos risco de recair da sua doença, é uma faca de dois gumes. Voltando atrás, tinha acabado de ser introduzido no transplante de rim um novo medicamento imunossupressor, a ciclosporina, e os transplantes renais estavam a ter sucesso porque tinham menos rejeições. E ele pensou: se isto funciona no rim, se calhar também vai funcionar na medula óssea. E começou a tratar doentes com ciclosporina.
E resultou bem?
Resultou de uma forma espetacular, ao ponto de ele passar a ser uma referência na transplantação a nível mundial, convidado para ir a toda a parte falar.
E o Manuel Abecasis ali ao lado dele?
Eu ali ao lado dele a acompanhar aquilo tudo! A ver como as coisas eram. Ele era uma pessoa encantadora, o mais simples possível, terra a terra, punha-nos ao corrente das coisas, discutíamos as ideias dele. Tive a sorte de ter estado no lugar certo no momento certo.
Depois foi para Marselha, onde também estavam a desenvolver os transplantes?
A minha ida para Marselha é curiosa. Um dia estávamos a começar a reunião médica dos doentes de transplante e o dr. Ray Powles entra na sala e pergunta quem é que fala francês. Os ingleses em geral são uma nulidade para as línguas, e eu disse que falava francês. Não queres ir para Marselha? Porquê? Acabei de receber uma chamada do diretor do Instituto de Oncologia de Marselha, onde estão a começar um programa de transplantes e gostavam de ter o apoio de uma pessoa daqui que já viesse de um centro mais reconhecido. O que achas? Mas a minha experiência não é muito grande. É a suficiente, queres ir não?
Portanto, o facto de falar francês foi essencial no seu currículo?
Exatamente.
O que o fez voltar para Portugal?
Estava fora há cinco anos, entretanto tinha casado, tinha dois miúdos e nesses anos mudámos 14 vezes de casa. A minha mulher estava cansada, não tinha apoio familiar, era um esforço grande. Ela gostava de voltar para Portugal mas deixou-me sempre a liberdade de fazer o que entendesse que seria preferível. Quando estive em Londres tive contacto com vários doentes portugueses que iam lá para serem transplantados mas que chegavam em situações muito complicadas e o transplante provavelmente não iria ter sucesso. A questão que me pus foi: não será possível em Portugal pelo menos termos consciência de quando os doentes devem ser referidos adequadamente? E por que não fazer transplantes em Portugal? Foi isso que me fez voltar em 1983.
Tinha garantias de que teria trabalho?
Todos os anos em que estive fora mantive contactos com colegas em Lisboa, nomeadamente com um mais velho do que eu, que foi meu mentor, o professor António Parreira. Ele, o professor Ducla Soares e o doutor Gomes de Oliveira acolheram-me no Serviço de Hematologia do Hospital de Santa Maria, com a perspetiva de eventualmente se vir a fazer transplantes. Só que eu era um bocado impaciente.
E o Hospital de Santa Maria era pesado?
Era passo de tartaruga, aquilo era imutável. O tempo ia passando e eu ia ficando cada vez mais insatisfeito e inquieto, a sentir que estava a perder tempo, com receio de desaprender o que tinha aprendido. Pensei em voltar para o estrangeiro. Fui a Londres falar com o doutor Ray Powles e ele já tinha ocupado a minha vaga mas disse que não teria dificuldade em voltar para qualquer centro - havia vários a começar. Conversei com a minha mulher e ela disse que então voltávamos para Inglaterra. Mas entretanto deu-se a coincidência de eu ter conhecido o doutor. Francisco Gentil Martins, que era do CDS e muito amigo do meu tio Nuno, que foi presidente da Câmara de Lisboa. Penso que foi através do tio Nuno que eu o conheci pessoalmente. Ele interessou-se, perguntou-me o que eu pensava fazer, e eu disse-lhe que o meu sonho era abrir a possibilidade de se fazer transplantes em Portugal mas estava muito desapontado com Santa Maria porque não conseguia fazer nada ali e estava a pensar ir embora. "Não vais nada, amanhã vais falar comigo ao IPO".
É uma situação em que o acaso e a necessidade se conjugam?
Ele foi uma pessoa extraordinária, era um cirurgião brilhante, um homem encantador, e não percebia nada do que eu fazia, para ele era chinês. Mas teve uma total confiança em mim. Um tipo de 36 anos a propor uma coisa que não se faz em Portugal, que é muito sofisticada...
Criaram o serviço e começaram os transplantes. Mas o primeiro correu mal?
O primeiro caso correu bastante bem, só que a primeira criança que transplantámos tinha uma leucemia aguda que já tinha tido duas recaídas. Sabíamos que a probabilidade de recair depois do transplante era elevada. O transplante correu muitíssimo bem, o miúdo foi transplantado, teve alta, foi para casa e ainda viveu um ano até recair da doença e acabar por falecer. Mas o transplante em si, tecnicamente, funcionou perfeitamente.
Quantos transplantes já fizeram?
Estamos perto dos dois mil.
Com êxito na maior parte?
Quando se considera que a maior parte é mais de 50 por cento, sim, com êxito. Estou a trabalhar numa análise dos dados dos doentes tratados ao longo destes 30 anos, para perceber como evoluímos e o que estamos a oferecer. E encontrei várias coisas curiosas, tendências que já supunha que estariam a acontecer. Talvez o dado mais importante seja a redução progressiva da mortalidade associada ao transplante. Dividi os 30 anos em três décadas, para poder ter um maior número de doentes e fazer uma análise estatística com maior peso. Da primeira década para a segunda, a mortalidade diminuiu e da segunda para a terceira voltou a diminuir. Estamos com uma mortalidade, calculada aos cinco anos depois do transplante, que ronda os 20 por cento, o que é muito bom. Apesar de estarmos a tratar uma população de doentes que não é igual à que tratávamos no início, mais velhos e com situações mais complicadas.
Porquê?
Porque os avanços na transplantação o têm permitido. Quando começámos em 1987, não transplantávamos pessoas com mais de 45 anos porque a toxicidade dos tratamentos era muito elevada e as pessoas provavelmente não iriam sobreviver a isso. Surgiu um conjunto de medicamentos e técnicas que têm permitido ultrapassar obstáculos. A idade já não é tão importante. Estamos a transplantar até aos 60 anos sem grande dificuldade, entre os 60 e os 65 avaliamos bem as pessoas. E vamos até aos 67 ou 68 anos, se as pessoas têm um bom estado geral e se sentem motivadas para o transplante. Tem sido gratificante trabalhar com estes doentes mais velhos, escolhendo bem a estratégia do transplante, tendo o cuidado de avaliar a situação para conhecer a resistência do organismo, e escolhendo para cada doente a modalidade do tratamento mais bem tolerada.
Essa é uma evolução da Medicina, o não fazer igual para toda a gente?
É a medicina personalizada. Vamos entrar cada vez mais na chamada medicina molecular, em que se começam a conhecer os mecanismos moleculares que afetam o comportamento das células. É possível desenhar medicamentos especificamente para determinado tipo de mecanismos que, curiosamente, podem ser comuns a várias doenças que aparentemente não têm relação entre elas. Estamos a entrar numa fase da medicina diferente da que reinava até há pouco tempo, baseada na evidência. Isto é, baseada em estudos com um número grande de doentes, em que é colocada uma hipótese a ser testada e se comparam dois grupos de doentes, uns tratados da forma convencional e outros tratados da forma inovadora, e depois faz-se uma análise da evolução de cada. Estes estudos, chamados prospetivos randomizados, contribuíram tremendamente para o avanço da medicina. Estou convicto, por aquilo a que tenho assistido, de que vamos passar para a fase da genómica, com a possibilidade de analisar a constituição genómica, o DNA de cada um de nós. Pensava-se que tínhamos 120 mil genes, mas afinal temos 35 mil genes, como uma mosca. Com estas novas técnicas muito sofisticadas de análise genómica, de sequenciação de segunda geração, é possível desenharmos para cada doente um mapa das alterações que lhe causaram a doença. Isto ainda não está acessível no dia-a-dia.
Porque ainda é muito caro?
É muito dispendioso, mas a análise do DNA, que custava 150 mil dólares, hoje fica à volta de 10 mil dólares. E é provável que esses custos venham a baixar.
Com a dedicação a esta área da medicina, conseguiu salvar vidas. Quando encontra um doente transplantado há vinte e tal anos, como é a reação?
É sentir-me muito bem por dentro. Ainda hoje uma ex-doente nossa, uma rapariga muito bonita que veio do Porto - na altura ainda não se faziam transplantes no Porto - veio dar-me um beijinho e dizer: faz hoje 25 anos que fui transplantada, trouxe um bolo para apagar as velas com a sua equipa. E trazia a filha pela mão.
A filha nascida depois?
Exatamente.
O que também é uma situação quase milagrosa?
Neste caso houve o recurso a manobras de procriação medicamente assistida, mas temos tido casos de doentes transplantados, quer do sexo masculino quer feminino, que não perderam a fertilidade e têm filhos depois do transplante, embora seja uma raridade.
Os relatos que aparecem neste livro falam na dureza extrema dos tratamento. Os doentes vão ao limite?
Vão ao limite. Nós transplantamos um número muito grande de doenças, algumas das quais não são malignas, não são oncológicas, são doenças que comprometem o funcionamento da medula óssea ou das células dela derivadas. Esses doentes em geral chegam ao transplante sem passar pela fase traumática de um doente com um leucemia aguda, que tem de fazer uma quimioterapia intensiva. Os doentes que fazem quimioterapia intensiva passam por períodos muito violentos porque, embora seja muito eficaz, é agressiva e com efeitos secundários importantes. O transplante é simplicíssimo, é uma simples infusão. É como se fosse...
Uma transfusão de sangue?
Nem mais. O complicado vem depois e pode arrastar-se durante muito tempo.
Depende das complicações?
Exatamente. A maior parte dos nossos doentes, felizmente, ao fim de um ano estão sem medicação e voltam à vida normal. Nos transplantes do rim ou de coração, os doentes ficam toda a vida a fazer imunossupressão. Os nossos doentes não. Como nós transplantamos também o sistema imunitário do dador, esse sistema imunitário acaba por ser reeducado no organismo do doente, adapta-se a ele e deixa de causar este conflito imunológico. Vacinamos os doentes como se fossem crianças pequenas, cumprem o seu calendário de vacinações, o que faz parte da reeducação do sistema imunitário para que adquiram as capacidades perdidas por causa do transplante e da quimioterapia.
O número de pessoas que já deram sangue para serem potenciais dadores tem aumentado? Normalmente as pessoas aparecem porque conhecem casos?
As campanhas são o principal motor de angariação de potenciais dadores. Em todos os locais onde as pessoas são motivadas por campanhas, acontece que se passados uns anos essas pessoas são solicitadas para dar, às vezes dizem que era para dar para aquela pessoa, agora já não estão motivadas. Não é muito frequente mas tem acontecido haver perdas.
Mas não é só dar sangue? Não vão extrair a medula dos ossos.
Às vezes, raramente, ainda fazemos isso, e há pessoas que se disponibilizam na mesma. Temos um banco de dadores voluntários de célula de medula óssea para transplante que tem uma posição muito destacada na Europa, temos 400 mil voluntários, todos tipados imunologicamente, disponíveis por via eletrónica.
E também é possível o acesso aos bancos dos outros países?
Sim.
É difícil a compatibilidade?
É difícil para as pessoas que não são de raça branca, porque dos 24 milhões de dadores que existem no mundo inteiro, 95 por cento são de raça branca e a sua constituição genética é forçosamente diferente de um indivíduo de raça negra ou oriental. Nos países onde o transplante é feito - na Europa, nos Estados Unidos, no Canadá, na Austrália - são minorias étnicas. Para essas é mais difícil encontrar um dador compatível. Mas mais uma vez a ciência deu um passo extraordinário. Hoje, e isto é um procedimento que nós iniciámos no IPO desde 2014, faz-se o transplante haploidêntico - o dador e o recetor só são iguais em 50 por cento dos seus antigénios, o que permite transplantar um doente ou com um filho ou com um pai ou uma mãe. Quase toda a gente tem um dador. Este é talvez o maior avanço na área da transplantação dos últimos anos e tem permitido oferecer o transplante a muitos doentes para quem antes não se encontrava dador. Hoje quase todos os doentes têm um dador disponível, por uma via ou por outra.
Neste momento o IPO tem em construção uma nova área para o serviço de transplante de medula óssea.
Iniciou-se a construção de um novo serviço de transplantação de medula óssea que vai aumentar a nossa capacidade. Trabalhamos com sete camas, o que nos permite cerca de 100 transplantes por ano, e vamos passar a dispor de doze camas, que nos vai permitir aumentar para 120 a 140 por ano.
É mesmo necessário? Há candidatos?
Absolutamente necessário. Um dos aspetos mais dramáticos é que temos uma lista de espera de doentes de meses, e é penalizante para nós porque nos sentimos frustrados como profissionais, mas sobretudo para os doentes que nem sempre são transplantados na altura que lhes seria mais favorável. Quando não conseguimos responder atempadamente, temos pedido a colaboração de outros centros nacionais, ocasionalmente estrangeiros, onde os doentes são depois referidos. Mas a maior base de recrutamento dos nossos doentes é no IPO de Lisboa, e as pessoas têm alguma ligação, mesmo sentimental e afetiva, e preferem ser transplantadas no IPO. Temos de respeitar isso.
Creio que as pessoas que passam pelo IPO ficam ligadas, não só porque o tratamento correu bem mas porque há uma relação pessoal muito forte.
Essa é a marca do professor Francisco Gentil, que dizia "doente que não é recomendado por ninguém é recomendado pelo diretor". Isto traduz bem o espírito que ele conseguiu imprimir às pessoas que trabalhavam no IPO. Não é um hospital muito grande, temos cerca de 200 camas. Não nos comparamos a Santa Maria, que tem 1200 camas. O facto de ser mais pequeno torna-o mais coeso, as pessoas têm mais interação umas com as outras, há um espírito de corpo e de equipa muito forte. E há da parte de toda a gente que lá trabalha, desde os auxiliares operacionais, às secretárias, aos enfermeiros, aos médicos, todos nós, uma atenção muito particular ao doente. O doente é o centro daquilo que se faz, tentando sempre que possível amenizar as situações e dar-lhes o apoio que pode ser extremamente competente do ponto de vista técnico, mas o carinho, o apoio humano conta quase tanto como a excelência técnica. E o IPO tem conseguido manter essa marca.
Uma marca que também é a sua: perante uma dificuldade, procurar a solução. É assim também na vida?
Tenho passado por altos e baixos ao longo da vida e há alturas em que perco um bocado o ânimo, mas de uma forma geral tento encontrar uma solução para os problemas que vão surgindo. Muitas vezes, do ponto de vista pessoal, com a ajuda da minha mulher que é contestária e que me enfrenta quando me sinto a ir abaixo. Ela confronta-me e obriga-me a entrar no caminho outra vez.
Há nestes relatos um caso de um médico do Montijo. Como é que um médico olha para os resultados das suas próprias análises e vê: estou doente.
Deve ser incrível. Temos tratado vários médicos. Mas para um médico, uma pessoa que está dentro do ofício, deve ser muito mais difícil. A pessoa vai sempre estudar, ver. Acho que são, muitos deles, doentes mais difíceis de tratar.
Quando fica pronto o novo edifício?
Espero que seja inaugurado em 2018. É um novo serviço mas não um novo edifício. Estamos a remodelar um piso de internamento. Fala-se muito num novo edifício para o IPO, que eu não sei se alguma vez será construído, porque já oiço falar disto há 20 anos, tem sido um sonho sempre adiado. Estou um pouco cético em relação a assistir à construção de um novo edifício. Espero que me engane e que o edifício seja construído.