Adalberto Campos Fernandes pediu para serem apuradas responsabilidades relativas ao caso da morte do homem de 29 anos, no S. José, devido à falta de médicos especializados. A demissão em bloco do hospital deixou o ministro satisfeito.
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O ministro da Saúde tinha agendada para esta quarta-feira uma visita ao Instituto Português de Oncologia (IPO), tendo aproveitado para abordar o caso de David Duarte, 29 anos, que morreu no passado dia 14, segunda-feira, depois de ter passado o fim de semana anterior à espera de uma cirurgia a um aneurisma cerebral.
Confrontado com a promessa de Luís Cunha Ribeiro, o presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, que garantiu que o sucedido não se voltará a repetir, Campos Fernandes reconheceu que os cortes na saúde foram demasiado longe. Ainda assim, o ministro da Saúde alertou que o problema não é apenas de falta de meios, mas também de organização, prometendo que a partir de agora não faltaram equipas especializadas de prevenção aos fins de semana.
Campos Fernandes explicou ainda que pediu ao Hospital de S. José para apresentar até esta quarta-feira um "relatório circunstancial dos factos" e que já foi igualmente pedida uma inspeção com caráter de urgência à Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGAS).
O caso levou já à demissão do presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Cunha Ribeiro, da presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central, que inclui o S. José, Teresa Sustelo, e do presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Lisboa Norte, Carlos Martins.
Numa mensagem enviada à TSF, o anterior ministro do governo PSD/CDS-PP, Fernando Leal da Costa, diz preferir não fazer comentários que "possam contribuir para adensar a confusão instalada".
Leal da Costa acrescenta, no entanto, que é o atual ministro Adalberto Campos Fernandes que tem a "responsabilidade e obrigação de resolver o que for sucedendo no seu mandato".
Na mesma mensagem, o antigo ministro da Saúde e antigo secretário de Estado da Saúde do ministério liderado por Paulo Macedo lamenta a morte de "um jovem entregue aos cuidados do Serviço Nacional de Saúde".
Leal da Costa apela também para que os profissionais de saúde e os seus representantes façam uma "profunda reflexão ética sobre o seu papel no sistema de saúde".