Calor extremo e fogos agravaram o problema. Ambientalistas acusam autoridades de não lançarem os avisos à população a que estão obrigadas por lei.
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Os níveis de ozono no ar subiram na última semana para níveis que por lei deviam gerar avisos às populações por riscos para a saúde, mas as autoridades não emitiram qualquer alerta.
A denúncia é da associação ambientalista Zero, sobretudo numa altura em que se espera um verão quente.
Os ambientalistas estão muito preocupados com as falhas na informação obrigatória para as pessoas saberem quando é que o ar tem uma qualidade com indicadores negativos.
Pelas contas da Zero que consultou os dados da Agência Portuguesa do Ambiente, desde a passada sexta-feira aconteceram 18 ultrapassagens aos limiares de informação de ozono por concentrações elevadas.
No sábado (17 de junho), dia de calor extremo (quando começou a vaga de incêndios), 11 horas estiveram com níveis de ozono preocupantes que deviam gerar avisos à população. A região de Lisboa foi a mais afetada.
Aliás, de 16 a 20 de junho todos os dias tiveram pelo menos uma hora acima dos limiares legais de informação, em várias zonas do país: Norte Interior, Norte de Lisboa, Centro Litoral e Entre Douro e Minho.
Os perigos do ozono e das partículas
A Zero sublinha que, "à semelhança do que aconteceu no ano passado, as populações não foram avisadas da ultrapassagem do limiar horário de informação, apesar de tal ser obrigatório", recordando que a exposição a níveis elevados de ozono, um poluente secundário, afeta, sobretudo, as mucosas oculares e respiratórias, podendo manifestar-se através de tosse, dores de cabeça, dores no peito, falta de ar e irritações nos olhos", além de agravar doenças respiratórias.
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O risco é maior para crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios.
Além do ozono, na última semana também as partículas no ar registaram 34 ultrapassagens do valor-limite diário em todo o continente, com exceção do Alentejo, fruto de concentrações vindas do Norte de África e dos incêndios.
A Zero diz que as partículas também têm efeitos na saúde humana no curto e longo prazo, "causando e/ou agravando problemas cardiorrespiratórios ou podendo agravar a mortalidade pelos compostos tóxicos".
Ou seja, não sendo obrigatório, valeria a pena também, segundo a Zero, avisar as populações quando os níveis de partículas no ar são elevados.
Verão preocupante
A ambientalista Carla Graça acusa as comissões de coordenação e desenvolvimento regional e a Agência Portuguesa do Ambiente de não fazerem aquilo que deviam e não avisarem as populações destes níveis preocupantes de ozono e partículas apesar de terem acesso aos dados em tempo real.
A dirigente da Zero explica ainda que é raro termos valores tão elevados de ozono e partículas na atmosfera a meio de junho (o normal é a meio do verão), sendo contudo previsível tendo em conta o extremo calor registado.
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Os ambientalistas temem que o verão seja bastante mau a este nível, acrescentando que a tendência, com as alterações climáticas, é sofrermos mais com estes problemas no futuro.
Razões que levam Carla Graça e a Zero a dizerem, em declarações à TSF, que é urgente que as autoridade passem a fazer, de facto, como está previsto na lei, os avisos às populações.
Recorde-se que, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, maio foi extremamente quente, sendo o terceiro mais quente desde que há registos.
Junho também está a bater recordes de calor e 80% do território está em seca meteorológica severa e extrema.