Rotação dos administradores hospitalares "é uma decisão política que deve ser explicitada publicamente"
Representante dos administradores considera que as avaliações das administrações não são suficientemente transparentes.
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O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) considera normal a rotação dos presidentes dos hospitais em Portugal. Num momento em que 15 presidentes de vários hospitais do país estão em fim de mandato e, portanto, prestes a ser afastados, Alexandre Lourenço considera que na hora de decidir quem é, ou não, reconduzido deve pesar a avaliação transparente do trabalho levado a cabo. O presidente da APAH explica que se trata, sobretudo, de aplicar a lei em vigor.
"É algo que está previsto na lei desde 2012, que cada conselho de administração tenha um contrato de gestão com indicadores claros e metas precisas. Todos os anos o exercício desses conselhos de administração é avaliado e tornado público", sendo que todos os conselhos de administração são avaliados no final de cada mandato. "Se tiverem avaliações negativas devem ser afastados, se tiverem avaliações positivas devem, em princípio, ser reconduzidos", explica Alexandre Lourenço.
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Cabe ao Governo decidir, tendo em conta estas avaliações, o que fazer com cada conselho de administração. "É uma decisão política mas que deve ser explicitada publicamente", considera o presidente da APAH, antes de revelar que não é isso que tem estado a acontecer.
"De uma forma clara, não é possível dizer se, por exemplo, o conselho de Administração do Hospital de Santa Maria exerceu funções com desempenho adequado ou inadequado", entende Alexandre Lourenço, considerando que o que existe é "uma perceção, uma avaliação de cada pessoa, mas opinativa."
Tendo em conta as substituições que poderão ter de ser feitas, o representante dos administradores hospitalares lembra que o processo, respeitando os critérios de seleção, não será "de todo fácil".
"De uma vez por todas, devemos criar critérios muito exigentes para o exercício deste tipo de funções, nomeadamente competências de experiência profissional e de formação para o exercício das funções. Os hospitais são entidades altamente complexas e deve existir um escrutínio muito grande" no momento de escolher quem deve indicado para os cargos de administração, adianta Alexandre Lourenço, frisando que há hospitais neste grupo de 15 com conselhos de administração em final de mandato que têm "orçamentos superiores a 300 milhões de euros."
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Estes valores figuram algo que defende ser algo "muito importante do ponto de vista da gestão do erário público, de muitos profissionais de saúde e de algo que é essencial para a comunidade, a prestação de cuidados de saúde." Também por estes fatores, o presidente da APAH reforça que os critérios de seleção devem ser "muito exigentes, muito transparentes, afastando qualquer suspeita de nepotismo e de falta de meritocracia no sistema público."