O secretário-geral do SINTAP e a Frente Comum veem com preocupação a possibilidade de privatização da ADSE e acusam o Estado de querer demitir-se das suas funções.
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O secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP) vê com preocupação a proposta do relatório final da Comissão de reforma da ADSE, que defende que a nova entidade deverá ser "pessoa coletiva de direito privado, de tipo associativo, sem fins lucrativos e de utilidade administrativa".
Em declarações à TSF, José Abraão diz que "a ADSE sendo resultante das relações de trabalho da administração pública, deve manter-se na espera pública e no perímetro orçamental. Não entendemos como é que o governo se quer pôr fora, o governo anterior já deu o primeiro passo no sentido da mutualização. Queremos acreditar que o governo vai ser sensível, construa um modelo na esfera pública e que defenda os interesses dos beneficiários".
José Abraão diz que a sustentabilidade financeira da ADSE fica ameaçada, sob pena de muitos funcionários públicos mudarem para seguradoras.
"O que nós receamos é que são 600 milhões de euros e as seguradoras tentam sempre mostrar que fazem melhor do que a ADSE, falsamente. Apelamos aos trabalhadores para que se mantenham na ADSE, mas se há qualquer problema de sustentabilidade, pode haver problemas e exige muita ponderação. Para não comprometer a saúde que temos em Portugal, o próprio sistema de saúde da ADSE que é dos melhores em Portugal. Não aceitamos que o Estado se ponha de fora".
Também Alcides Teles, da Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública contesta a possibilidade de privatização da ADSE.
"Achamos mal, esperamos que não passe de uma proposta. É a abertura para que passe a ser uma entidade provada. Neste momento não se coloca a questão da sustentabilidade, porque a ADSE tem dado lucro. A discussão é outra".
O dirigente da Frente Comum acusa ainda o Estado de querer demitir-se das suas responsabilidades, ao ser proposto que deixe de ter responsabilidade financeiras, mas acompanhe e fiscalize este sistema. "Não aceitamos que num sistema que se aplica aos trabalhadores do estado, este fique apenas como tutor".
A Comissão de reforma do modelo da ADSE recomenda que a nova entidade se torne uma "pessoa coletiva de direito privado", na qual o Estado não tem responsabilidade financeira, mas acompanha e fiscaliza a sua atividade.