Logo no arranque da audição, PSD, CDS-PP e PCP questionaram a pertinência da audição solicitada pelo PS ao tenente-coronel Misseno Marques, que entrou em funções meses depois do furto de material militar.
Corpo do artigo
Cerca de 45 minutos. Foi esta a duração total da audição requerida pelo PS ao tenente-coronel Misseno Marques, que só desde fevereiro de 2018 -alguns meses depois do furto de material militar ocorrido em junho de 2017 - entrou em funções enquanto comandante Unidade de Apoio do Quartel-General da Brigada de Reação Rápida, a unidade responsável pela coordenação da segurança dos Paióis Nacionais de Tancos.
Uma audição desnecessária, consideraram, desde logo, os deputados de PSD, CDS-PP e PCP, depois de ouvirem as primeiras perguntas feitas ao militar pela deputada Odete João, do PS, na comissã parlamentar de inquérito."Não vivi essa situação, não tenho muito a adiantar", disse, logo no arranque da audição, o oficial, a quem Jorge Machado, deputado do PCP, não colocou uma única pergunta: "Não viu, não sabe, não tem informação que lhe permita opinar. Essa sua posição é respeitável, não tenho nenhuma pergunta para lhe colocar".
Apesar de curta, a audição serviu para que, à semelhança de audições anteriores, fosse destacada a falta de condições nos Paióis Nacionais de Tancos, com o militar a adiantar "por ouvir dizer" que o sistema de videovigilância e de sensores se encontrava "inoperacional".
Outro dos dados salientados pelo oficial prende-se com a informação de que, após o furto, terá havido algumas melhorias das instalações, em Tancos e noutras unidades. "Seria tolo alguém não tirar ilações das coisas que acontecem. Houve um incremento da segurança ao nível da tecnologia nas unidades. A minha foi uma delas", disse, referindo que nas instalações de Tancos foram feitas "algumas melhorias, mas não na totalidade, devido à situação em que estão atualmente".
Por estes dias, e cerca de ano e meio depois do furto, já não há material militar nos Paióis Nacionais de Tancos, mas ainda há militares que têm como função fazer rondas junto dos paióis, que são constituídas por três militares, um sargento e dois praças.
"Estamos a garantir a segurança para que não haja vandalismo nas instalações e aguardamos com serenidade uma decisão sobre aquele local", justificou o tenente-coronel Misseno Marques, que, perante os deputados, teve ainda tempo para adiantar que, na segurança dos Paióis Nacionais, "os recursos humanos eram escassos".
A comissão parlamentar de inquérito ao furto de material militar em Tancos tem previstas audições a 63 personalidades e entidades. Decorre durante 180 dias, até maio de 2019, e é prorrogável por mais 90 dias, para que se possa chegar a conclusões.