A privacidade é uma responsabilidade de cada um. Google associa-se ao #fortheWeb
Empresa que "sabe tudo" veio à Web Summit relembrar que os dados pessoais de cada um de nós continuam sob o nosso controlo. Só precisamos de lhes dar atenção.
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O pai da Web tinha dado o mote na segunda-feira. Agora, foi a Google quem se juntou à ideia de que cada um de nós é responsável pela sua parte da Internet.
No palco principal da Web Summit, Matt Brittin, presidente para a área de Negócios e Operações da gigante tecnológica norte-americana falou sobre o apelo deixado na segunda-feira no evento por Tim Berners-Lee, propondo "um contrato" entre utilizadores, empresas e governos de todo o mundo para "tornar a 'web' num sítio melhor", reduzindo desigualdades e melhorando questões como a privacidade.
"Já assinámos o contrato para a 'web' do Tim Berners-Lee e esperamos que todas as pessoas o façam", referiu o responsável da Google, vincando que a internet "tem de se manter aberta e usável por toda a gente", como defendeu o seu criador há quase 30 anos.
A privacidade na Internet tem sido um dos temas fortes do último ano no que a tecnologia diz respeito. Nesse sentido, a Google veio à Web Summit garantir que ainda somos os donos das nossa vidas online.
"Só trabalhamos com a vossa permissão", começou por assegurar Brittin. "Temos de fazer com que seja fácil para vocês compreender os vários serviços que vos oferecemos e como é que os podem utilizar. Isto é algo que a própria fundação World Wide Web defende: ter a certeza de que os utilizadores têm uma forma de controlo transparente. É esse o núcleo da nossa relação com os utilizadores."
Brittin reforçou as regras para o setor, a seu ver, têm de ser criadas "pelos reguladores e pelos decisores".
"Não queremos ser o polícia, precisamos de ser a pessoa que está a pôr em prática as regras que a sociedade quer", adiantou.
Ainda assim, alertou para o papel dos utlizadores, que podem estar acima dos reguladores, na definição das regras do "bom uso".
"Em última instância, é a sociedade que tem de definir as normas. Algumas vão tornar-se em regras, outras vão ser apenas comportamentos socialmente aceitáveis e há ainda as que vão apenas cair na má-educação. O que queremos é que seja fácil para as pessoas informarem-se acerca destes assuntos, porque eles são muito difíceis de explicar. Trabalhamos de forma árdua para que as nossas políticas de privacidade e segurança sejam fáceis de perceber, em linguagem corrente, por todas as pessoas."
Para que todas as pessoas possam realmente compreender, é preciso que tenham, em primeiro lugar, acesso à Internet. Essa é uma desigualdade que a Google também gostaria de ver amenizada, defendendo que é preciso "passar de um mundo onde só uma minoria está ligada para um mundo onde todos estão online", dando como exemplo que esse alargamento deverá acontecer como "na eletricidade".
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A Comissão Europeia multa, a Google paga
A Google assinala 20 anos em 2018 e, para além de ser apanhada, tal como muitas empresas tecnológica, no turbilhão de questões acerca da privacidade, também a Comissão Europeia tem dado um ano duro à empresa.
Questionado sobre as multas impostas por Bruxelas, o responsável disse que a empresa aceitou "o que a Comissão pediu para fazer", estando desde logo "a pagar as multas".
Isto "mesmo acreditando que, no Android, as pessoas têm várias escolhas", notou.
Em julho deste ano, a Comissão Europeia aplicou uma multa com valor recorde de 4,3 mil milhões de euros à Google por abuso de posição no mercado devido ao sistema Android.
Já em outubro, o grupo norte-americano Google anunciou que recorreu contra a multa.