Catarina Martins adianta que o BE acompanha a situação nas prisões com "muita preocupação" e pede mais técnicos de reinserção. "É preciso encarar o problema de frente", diz sobre racismo.
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Os reparos que constam do relatório do Comité para a Prevenção da Tortura e Tratamentos Desumanos Conselho - e que se seguiram a uma visita que os relatores do Conselho da Europa fizeram a vários estabelecimentos prisionais, em 2016 - vêm dar razão às preocupações do Bloco de Esquerda (BE) no que diz respeito à falta de condições de muitos dos presos portugueses e ao racismo ainda presente na sociedade portuguesa.
É esta a constatação feita por Catarina Martins, coordenadora do BE que, depois de noticiado o conteúdo do relatório - que exigiu ao Governo que encerrasse quatro alas do Estabelecimento Prisional de Lisboa e o hospital psiquiátrico da prisão de Santa Cruz do Bispo -, lembrou que os bloquistas têm acompanhado a situação "muito de perto e com muita preocupação".
"Os problemas não se resolvem se não se investir em mais técnicos de reinserção. Não temos políticas de reinserção, os guardas prisionais têm uma enorme pressão sobre si e, portanto, há aqui um problema grave", disse, lembrando que o BE já tinha pedido um relatório ao Governo.
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Além de críticas ao estado de conservação das prisões, o documento consultado pela TSF deixa ainda reparos ao comportamento dos polícias, pedindo ao Governo que tome medidas urgentes para combater a violência policial.
No documento é salientado, por exemplo, que durante a visita a Portugal a os relatores ouviram um "número considerável" de casos de maus tratos no momento da detenção, nos momentos que se seguiram e antes da chegada às esquadras.
Segundo a coordenadora bloquista, que falou ao início da tarde em Vieira de Leiria, à margem de uma visita incluída nas jornadas parlamentares do BE, este tipo de comportamento não representa qualquer novidade, já que, defende Catarina Martins, há um problema de racismo em Portugal.
"Portugal é um país onde há um problema de racismo, e esse problema tem também repercussão nas forças de segurança. É preciso encarar este problema de frente e não permitir a impunidade racista no nosso país", sublinhou a coordenadora do BE.