O presidente do Conselho Internacional de Museus (ICOM), Luís Raposo, receia que esta medida tenha consequências sociais graves.
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Ouvido pela TSF, Luís Raposo, presidente do Conselho Internacional de Museus, disse discordar da decisão anunciada ontem pelo secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, de acabar com as entradas gratuitas nos museus nas manhãs de domingo.
O secretário de Estado justificou que trata-se de uma forma de garantir a sustentabilidade financeira dos museus.
O presidente do ICOM, um orgão consultivo das Nações Unidas, diz que o Governo ainda não ouviu os profissionais dos museus e que os números apresentados pelo secretário de Estado não fazem qualquer sentido.
«Isso é uma situação que não existe em parte nenhuma do mundo civilizado, estaríamos numa situação de procurar que 80 por cento das pessoas que se deslocam aos museus pagassem bilhete», cirticou Luís Raposo.
«Desde Julho que estamos a pedir uma audiência ao secretário de Estado e ela ainda não foi concedida, e sei, pelo contacto que tenho com a outra associação de museus, que existe em Portugal, que também ainda não foram recebidos. Portanto, não sei a que representantes de profissionais dos museus se refere o secretário de Estado quando diz que os recebeu», revelou o presidente do ICOM, acrescentando que este «é caso único porque é tradicional e da boa praxe democrática que se ouçam os profissionais representativos como é o nosso caso».
Luís Raposo não acredita também que os museus tenham muito a ganhar com o fim das entradas gratuitas.
«A questão da gratuitidade aos domingos de manhã, sendo alterada dará origem a um acréscimo de receitas relativamente marginal para os museus, calculo que seja na ordem dos dois/três por cento dos custos gerais do funcionamento dos museus da secretaria de Estado da Cultura», comentou.
«E, as consequências sociais podem ser bastante danosas porque verificamos que é ao domingo de manhã que muitas das famílias com menores capacidades económicas aproveitam para visitar os museus. Se considerarmos um casal de adultos mais dois filhos, podemos estar a falar de mais de dez euros. Ora isso é pesado e os benefícios financeiros não estão de modo nenhum à altura dos prejuízos sociais que são causados», defendeu Luís Raposo.