A palavra eclipse é de origem grega e significa desmaio ou abandono (deixar). Ao longo da história este fenómeno tem sido associado à intervenção de figuras mitológicas, presságios, guerras, domínio de nações, etc.
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Os primeiros eclipses foram registados há cerca de 4 mil anos na Babilónia. Ao longo da história provocaram medo e admiração. Ao observarem os eclipses, povos de diferentes épocas relacionaram este fenómeno com a intervenção de figuras mitológicas que estariam a tentar "devorar" os astros e a sua luz.
Os escandinavos falavam de Skoll e Hati, dois lobos que, com o tempo, devorariam o Sol e a Lua. Os chineses falavam de um dragão. Na mitologia hindu, era o demónio Rahu que perseguia o Sol e a Lua, depois de o terem denunciado aos Deuses pelo roubo do vinho da imortalidade. Os mexicanos pré-colombianos flagelavam-se e faziam sacrifícios, durante os eclipses, e os antigos romanos elevavam as suas tochas ao céu, pedindo pelas suas vidas.
Uma tradição que se prolongou até a Idade Media, e que continuou em pequenas comunidades, foi a de fazer muito barulho durante os eclipses. O toque dos gongos pelos chineses e os gritos e batidas produzidos por outros povos tinham como objetivo afastar o "monstro" cosmológico que ameaçava engolir o Sol e a Lua.
Observados e registados pelos antigos chineses e gregos, os eclipses do Sol e da Lua constituem marcos que ajudaram a estabelecer uma relação entre a astronomia e a história. Foi possível determinar a data de vários fatos históricos através do registo de eclipses.
Os chineses conheciam as tabelas deste fenómeno e conseguiam prever com antecedência quando ocorreria. Os astrónomos babilónios transmitiram este conhecimento para os egípcios e gregos e, através deste caminho, a base para a previsão dos eclipses chegou até nós.
Observando a sombra circular da Terra sobre a Lua, durante os eclipses lunares, Pitágoras, e posteriormente Aristóteles, no séc. IV a.C., apontavam este fato como prova de que a Terra era circular.
Através do estudo dos eclipses lunares, foram feitas as primeiras estimativas das dimensões e das distâncias dos astros, a determinação precisa do equinócio de março e da aceleração secular da Lua.
Entre as muitas histórias que existem conta-se a do eclipse que ocorreu em 585 a.C.. Foi previsto por Tales de Mileto e terminou com uma guerra que durava há 5 anos, entre os Lídios e os Medos. Provavelmente, Tales, que colaborava com os Lídios, conhecendo as tabelas de eclipses anotadas pelos povos mesopotâmicos, pode "adivinhar" a data previsível do eclipse. Assustados com o escurecimento abrupto do céu durante uma batalha, os dois exércitos recuaram e, nos dias selaram um acordo de paz.
Os eclipses totais da Lua serviram até o século XVII para estabelecer a distância dos lugares de observação, ajudando os navegadores a determinar a localização no mar ou na terra a ser explorada. Este método foi usado por navegadores como Cristóvão Colombo.
Em 1504, quando estava na atual Jamaica, com o seu exército revoltado por não ter bens e provimentos para a viagem de regresso, Cristóvão Colombo, que sabia da previsão de um eclipse lunar, ameaçou os indígenas.
Colombo disse aos nativos que, se os bens não fossem entregues, o seu "Deus" faria diminuir o brilho da Lua no céu e todos poderiam ver a sua ira. Se não fornecessem as provisões a Colombo, a ira divina traria fome e peste aos nativos.
Ocorrido o eclipse, os nativos obedeceram a Colombo, que ainda aproveitou as medições feitas durante o eclipse para calcular sua longitude na superfície da Terra.
O eclipse ocorreu a 1 de março de 1504.
Por ano ocorrem, em média, dois eclipses solares e dois lunares.