O político e professor universitário José Medeiros Ferreira, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, morreu aos 72 anos. O corpo do histórico militante socialista vai estar em câmara ardente, a partir das 15:00, no Palácio Galveias, no Campo Pequeno, em Lisboa.
Corpo do artigo
Acreditava que ficaria na história como o ministro dos Negócios Estrangeiros que preparou o processo de adesão de Portugal à antiga CEE.
José Manuel de Medeiros Ferreira nasceu no dia 20 de fevereiro de 1942, na ilha de São Miguel, nos Açores.
Estudou em Ponta Delgada, na atual Escola Secundária Antero de Quental. Ganhou o gosto pela história, graças à influência de um professor - João Bernardo de Oliveira Rodrigues - a quem dedicou o oitavo volume da História de Portugal que assinou, num conjunto de volumes coordenado por José Mattoso.
Foi dirigente partidário, deputado e governante após o 25 de Abril de 1974, professor e historiador da Universidade Nova de Lisboa. Foi ainda dirigente associativo nas lutas estudantis contra a ditadura de Salazar, tendo sido expulso de todas as universidades do país, pelo período de três anos, por causa da luta contra o regime.
Estudou Filosofia em Lisboa, licenciou-se em Ciências Sociais em Genebra e doutorou-se em História na Universidade Nova. Esteve exilado na Suíça entre 1968 e 1974.
Medeiros Ferreira foi deputado à Assembleia Constituinte, ministro dos Negócios Estrangeiros do I Governo Constitucional, chefiado por Mário Soares. Ele e outros elementos da ala direita e reformista do PS (incluindo António Barreto e Francisco Sousa Tavares) criaram, em 1978, o movimento reformador ou movimento dos reformadores que, em 1979, se juntaria à AD de Sá Carneiro. Voltaria depois ao PS.
Na década de 80 foi agraciado com a Grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique e no final da década de 90 foi agraciado com a Grã-cruz da Ordem da Liberdade.
Entrevistado em março de 2011 por Anabela Mota Ribeiro para a revista Pública, José Medeiros Ferreira confessava que gostaria de ser um daqueles «seres erráticos» que percorrem o mundo, de que fala Teixeira de Pascoaes no livro sobre S. Paulo.