A chanceler alemã, Angela Merkel, manifestou hoje «profundo respeito» pela figura do escritor Günter Grass, que «marcou como poucos a história da Alemanha».
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Günter Grass, que morreu hoje aos 87 anos, «marcou como poucos a história da Alemanha, desde o final da guerra até hoje, com o seu compromisso pessoal, literário, político e social», disse a chefe do governo alemão, num comunicado enviado à viúva do escritor, Ute.
A República Federal da Alemanha (RFA) «perde com a sua morte um escritor, do qual me despeço com profundo respeito», acrescentou Merkel. Grass chegou a qualificar a chanceler como um perigo para o projeto europeu devido à política de austeridade que Merkel defendeu perante a crise económica na União Europeia.
Também o presidente da Alemanha, Joachim Gauck, prestou homenagem ao escritor Günter Grass, considerando que a obra reflete os sonhos, erros e medos de várias gerações de alemães.
«Nos seus romances e contos e na poesia encontram-se refletidos os erros, os medos e os sonhos de gerações inteiras», escreveu Joachim Gauck numa mensagem de condolências à família do prémio Nobel da literatura. «A sua obra é um impressionante espelho do nosso país e parte importante da sua herança literária e artística», acrescentou.
O presidente do parlamento alemão (Bundestag), Norbert Lammert, sublinhou que a Alemanha perde um dos seus mais importantes autores e um cidadão sempre disposto a tomar posição em controvérsias políticas. «Ele não fugia de nenhuma controvérsia por mais dura que fosse. Pelo contrário, procurava a polémica por a considerar necessária», disse.
O ministro da Economia e vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, afirmou que se perdeu um dos escritores mais importantes do pós-guerra e um defensor da paz e da democracia. «Sem a sua voz a pedir mais tolerância, sem a sua vontade de se intrometer, o nosso país seria mais pobre», disse Gabriel, também presidente do Partido Social-Democrata (SPD), no qual Grass militou parte da vida.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Frank-Walter Steinmeier, declarou estar profundamente comovido» com a morte de Grass.
A ministra da Cultura, Monika Grutters, afirmou que «Günter Grasss foi um escritor universal. O seu legado literário está ao lado daquele que deixou [Johann Wolfgang von] Goethe», poeta alemã de finais do século XVIII e inícios do século XIX.
Para o presidente do Parlamento Europeu, o alemão Martin Schulz, Günter Grass deu forma à literatura posterior à Segunda Guerra Mundial e considerou que o escritor não tinha medo de intervir, através da sua obra, e «de meter o dedo na ferida».
«É com grande tristeza que tomei conhecimento da morte de Günter Grass, perdemos um escritor incrível que deu forma à literatura contemporânea posterior à Segunda Guerra Mundial e cujos livros e poemas são inesquecíveis», de acordo com um comunicado do social-democrata alemão. «Grass era uma pessoa que usava os seus escritos para intervir. Foi incómodo para muitos porque os colocava frente a um espelho. Um intelectual que pôs o dedo na ferida», disse.
Prémio Nobel da Literatura e Príncipe das Astúrias das Letras em 1999, Grass morreu hoje aos 87 anos na cidade de Lubeck (norte da Alemanha), disseram fontes da editora Steidl.