A chefe da missão da UNESCO, Mechtild Rössler, afirmou hoje que é importante conhecer as diferentes opiniões sobre a construção da barragem antes de concluir os impactos no Douro Património Mundial.
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A missão de UNESCO, que está de visita ao Alto Douro Vinhateiro (ADV), é composta por três especialistas do Centro do Património Mundial e da Icomos, uma associação de profissionais da conservação do património.
Depois de reunirem, no Peso da Régua, com associações ligadas ao ambiente, movimentos locais e representantes da Agência de Desenvolvimento do Vale do Tua, Mechtild Rössler disse aos jornalistas que é muito importante conhecer as diferentes preocupações da região.
As três especialistas estão a recolher opiniões e informação sobre os impactos provocados pela construção da Barragem de Foz Tua no Alto Douro Vinhateiro (ADV), classificado pela UNESCO em 2001.
O empreendimento hidroelétrico, cujas obras arrancaram há 15 meses entre os concelhos de Alijó e Carrazeda de Ansiães, vai ocupar 2,9 hectares do ADV, o que representa 0,001 por cento do total da área classificada.
Depois desta visita, a equipa vai «olhar para toda a informação» e preparar um relatório que será apresentado ao Centro do Património Mundial e ao Governo português.
«Vamos levar pelo menos um mês a concluir o relatório, temos de trabalhar nele», salientou.
Mechtild Rössler referiu ainda que, neste momento, não é possível avançar com nenhumas conclusões, sublinhando que a equipa, nesta visita ao território, olhou para «diferentes aspetos» da construção da barragem, do vale do Tua e do Douro vinhateiro.
A visita ao território foi agendada após a última reunião do Comité do Património Mundial da UNESCO, que decorreu em São Petersburgo, Rússia, e durante o qual aprovado um «abrandamento significativo» das obras da barragem, em alternativa à suspensão das mesmas.
Este ritmo de trabalhos vai manter-se até à apresentação do relatório da missão da UNESCO, que deverá estar pronto ainda este ano.
Depois de um primeiro encontro com ambientalistas e movimentos, a maior parte dos quais oponentes à construção da barragem, a missão da UNESCO recebeu Artur Cascarejo e José Silvano, da Agência de Desenvolvimento do Vale do Tua.
Cascarejo, que é ainda presidente da Câmara de Alijó e da Comunidade Intermunicipal do Douro (CIM Douro), defendeu a prossecução das obras, destacando o projeto de desenvolvimento integrado que, em consequência do empreendimento, está a decorrer neste momento no Vale do Tua.
Referiu ainda que a «linha do Tua já tinha sido abandonada há muito tempo» e que este projeto «é o único que pode fazer com que a via continue a existir através de uma aposta intermodal que combina caminho-de-ferro, barco e funicular».
«Temos ainda associado um parque de natureza e biodiversidade, que vai plantar o dobro das árvores que vão ser abatidas e a construção de um museu no vale do Tua», salientou.
Artur Cascarejo classificou ainda este projeto como «fundamental para reverter 40 anos de desertificação e envelhecimento populacionais».