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Baltasar Garzón pode ser suspenso esta sexta-feira

Baltasar Garzón pode ser suspenso esta sexta-feira por tentar investigar, à margem da lei, os crimes cometidos pela ditadura de Franco.

O Conselho Geral do Poder Judicial de Espanha analisa, esta sexta-feira, o pedido de Baltasar Garzón para ser transferido para o Tribunal Penal Internacional, mas essa análise pode não ser fácil já que o juiz tem um processo pendente no Supremo Tribunal espanhol por uma alegada investigação ilícita dos crimes do franquismo.

Um dia antes de os representantes dos magistrados e dos juízes, um órgão eleito pelos deputados, decidirem se suspendem ou não de funções Baltasar Barzón, o juiz falou no assunto pela primeira vez, numa conferência organizada por uma associação judaica que quer saber a causa de estarem tantos judeus entre as vítimas das ditaduras da América Latina.

Baltasar Garzón quer saber o caminho dos dinheiros das ditaduras e compara os generais da América Latina que promoveram os Estados totalitários a chefes da Máfia ou a líderes terroristas.
 
O juiz, que tenta seguir os exemplos dos juízes anti-Máfia de Itália que combateram o Polvo, afirmou que nas ditaduras «vê-se claramente a mão do dinheiro, da corrupção e do crime organizado».

Para o juiz, a investigação que tentou levantar iria provar que «nenhuma ditadura militar se sustem sem o apoio de conspirações económico-financeiras». Foi isso que se passou na Argentina, em Espanha ou no Chile, acrescentou.

«Também com o terrorismo da ETA durante muito tempo só se investigaram os atentados e só mais tarde se analisou a trama que sustenta toda a acção terrorista», frisou, defendendo que seria agora tempo de investigar o que se passou na Espanha franquista e na América Latina.

«A operação Condor não era apenas um acordo entre os generais, mas também representava uma operação financeira, porque para toda a sua logística eram necessários investimentos», sublinhou, defendendo ainda que é preciso «conseguir organizar a cadeia civil dos bens» das vitimas.