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Três jornalistas condenados a penas de prisão de oito a 20 anos na Bielorússia

Roman Protasevich foi preso no dia 23 de maio de 2021 Stringer/AFP (arquivo)

Os jornalistas são acusados de tentativa de "tomada do poder" assim como de "atos terroristas" e de insultos contra o chefe de Estado.

As autoridades judiciais da Bielorrússia condenaram esta quarta-feira três jornalistas a penas entre os oito anos e os 20 anos de prisão, entre os quais Roman Protasevich, que foi preso em 2021 quando o regime de Minsk desviou o avião em que o repórter viajava.

Protasevich - o único acusado presente no Tribunal Regional de Minsk - foi condenado a oito anos de prisão, enquanto Stepan Putilo, fundador do NEXTA e Jan Rudik, chefe de redação do mesmo portal, foram condenados a 20 anos e 19 anos de prisão, respetivamente.

Putilo e Rudik encontram-se fora da Bielorrússia.

O Tribunal Regional de Minsk acusou os jornalistas de tentativa de "tomada do poder" assim como de "atos terroristas" e de insultos contra o chefe de Estado.

Os três jornalistas são fundadores do NEXTA, um portal de notícias que se destacou na denúncia da repressão do regime, sobretudo durante a vaga de protestos contra o Presidente da Bielorrússia, Alexandr Lukashenko, em 2020.

Roman Protasevitch foi preso no dia 23 de maio de 2021, assim como a companheira Sofia Sapega com quem viajava a bordo de um aparelho da companhia Ryanair e que fazia a ligação entre Atenas e Vilnius, capital da Lituânia.

O aparelho comercial foi intercetado por um avião de guerra da Força Aérea da Bielorrússia e obrigado a aterrar em Minsk, provocando protesto internacional contra o regime de Lukashenko.

O portal NEXTA, que publicou imagens e notícias das manifestações em 2020 foi considerado "organização terrorista" e deixou de funcionar durante a vaga de repressão que marcou o período após as eleições presidenciais que foram contestadas pela oposição.

Após ter sido preso, Protasevitch aceitou cooperar com as autoridades judiciais e a televisão pública divulgou vídeos em que declarava estar arrependido.

De acordo com a oposição bielorrussa, os depoimentos do jornalista foram registados "sob coação".

Protasevitch encontra-se em regime de prisão domiciliária desde junho de 2021, enquanto Sofia Sapega, cidadã russa, foi condenada anteriormente a seis anos de prisão.

Neste momento, estão em curso negociações entre Minsk e Moscovo para que Sofia Sapega seja transferida para a Rússia, onde deverá cumprir a pena a que foi condenada.